Dia Nacional da Mamografia: SBM esclarece dúvidas sobre o exame

Os médicos da Sociedade Brasileira de Mastologia identificaram as principais dúvidas das mulheres em relação à mamografia. Se você também tem dúvidas sobre esse importante exame, não deixe de ler as perguntas e respostas que separamos abaixo. Boa leitura!

 

1 – O que é mamografia?

A mamografia pode ser considerada o Rx da mama. É a principal forma de detecção precoce (prevenção) do câncer de mama na atualidade. Pode também ser utilizada para diagnóstico (esclarecimento) de lesões palpáveis. As mamografias modernas são exames de alta resolução podendo ser digital ou analógica. Devem ser realizadas rotineiramente no mínimo em duas incidências e em incidências adicionais se necessário.

2 – O exame é dolorido?

Ao realizar a mamografia, as mamas são submetidas a uma leve a moderada compressão com o propósito de deixar a espessura e distribuição da mama mais homogênea. Nesse sentido, essa compressão bem realizada é fundamental para proporcionar uma imagem de melhor qualidade. A grande maioria das pacientes tolera bem o exame e não relata dores ou desconfortos. Algumas mulheres apresentam mamas sensíveis com desconforto ao simples toque, palpação e exame físico. Essas pacientes costumam descrever dor ao efetuar o exame, o que pode ser amenizado evitando realizá-lo durante os períodos do ciclo menstrual em que a mama está mais sensível.

3 – O exame de mamografia causa câncer?

Esse é um questionamento comum afinal trata-se do Rx da mama, que tem o potencial de induzir ou contribuir para o surgimento de vários tipos de câncer quando a pessoa está exposta de forma excessiva e contínua. A princípio, toda mamografia é segura. Estudos prospectivos randomizados controlados demonstraram que populações de mulheres submetidas à mamografia de rastreamento (prevenção), além de apresentarem redução na mortalidade por câncer de mama, não apresentaram maiores taxas de outros tumores.

4 – Do que se trata o exame de rastreamento?

O rastreamento é uma estratégia de prevenção secundária do câncer de mama. Como não é possível evitar o câncer de mama com medidas de prevenção primária, vacinação como exemplo, utiliza-se a mamografia como forma de detecção precoce, já que é capaz de detectar o câncer de mama numa fase pré-clínica assintomática (não palpável) permitindo assim mudar a história natural da doença. O diagnóstico precoce e a instituição do tratamento em fases iniciais pode diminuir a mortalidade em até 30% reduzindo também o número de amputações (mastectomias), as sequelas (redução do linfedema por diminuição das linfadenectomias radicais axilares) e a radicalidade do tratamento (diminuição das quimioterapias).

5 – A amamentação ajuda prevenir câncer de mama?

A amamentação parece ser um fator que confere alguma proteção em relação ao câncer de mama. Entretanto, parece que mais importante do que amamentar seria ter o primeiro filho antes dos 30 anos. Mulheres que apresentam uma gravidez completa antes dos 30 anos têm até 30% de redução do risco de câncer de mama. Não obstante, aquelas que têm o primeiro filho após os 30 anos não apresentam aumento do risco.

6- Uma mulher que a mãe teve câncer de mama com 40 anos, com qual idade ela deverá fazer sua primeira mamografia?

Mulheres com parentes de primeiro grau (mãe, irmãs ou filhas) com história de câncer de mama antes dos 45 anos ou com história de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário em qualquer idade são consideradas de alto risco. Para mulheres de alto risco, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda mamografia e RNM anual a partir dos 30 anos ou 10 anos antes do caso de câncer na família, porém nunca antes dos 25 anos. O Ministério da saúde recomenda para esse grupo mamografia após os 35 anos e não disponibiliza a RNM de rastreamento para essas mulheres. São consideradas também mulheres de alto risco aquelas com história de parentes de primeiro grau com câncer de mama em homem (irmão, pai ou filho).

7 – Quem tem prótese de silicone pode fazer mamografia?

Sim. As próteses de silicone não impedem a realização da mamografia. Elas apenas tornam o exame mais trabalhoso sendo necessária a realização de incidências adicionais. Nessa situação, a ultrassonografia pode ser útil por ajudar a complementar a avaliação das próteses e elucidar eventuais achados obscurecidos pelas próteses a mamografia.

8 – O autoexame substitui a mamografia?

Não. Infelizmente o autoexame isoladamente não demonstrou nenhuma capacidade em reduzir a mortalidade do câncer de mama. Como forma de autoconhecimento e empoderamento deveria ser encorajado. Entretanto, o autoexame rotineiro e frequente como forma de prevenção, além de não impactar na redução da mortalidade por câncer de mama, eleva a angústia e o medo uma vez que algumas mulheres acabam por desenvolver transtornos de ansiedade por dúvidas frequentes em relação aos achados do autoexame.

9 – Qual a idade recomendada para fazer a primeira mamografia?

A SBM recomenda a mamografia de rastreamento anual a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual e a partir dos 30 anos para mulheres de alto risco. O Ministério da Saúde recomenda mamografia de rastreamento até de dois em dois anos a partir dos 50 anos e anual a partir dos 35 anos para mulheres de alto risco. Entretanto, a mamografia diagnóstica, aquela que é solicitada para elucidação de alterações palpáveis, deve ser realizada em qualquer idade sempre que necessário.

10 – Quem cuida da mama é o ginecologista ou mastologista?

A mulher é que deve cuidar e zelar de sua saúde e assim das suas mamas. Para tal, deve procurar profissionais capacitados e habilitados a ajudá-la nesse sentido. Certamente, o Mastologista e o Ginecologista têm papel fundamental na prevenção e no combate do câncer de mama bem como o Radiologista. O Mastologista é o especialista em mama, já o Ginecologista é o médico clínico da mulher sendo os dois complementares.

 

Henrique Lima Couto

Coordenador do Departamento de Imaginologia da SBM Nacional

Tesoureiro SBM MG – Sociedade Brasileira de Mastologia Regional MG

Doutor em Saúde da Mulher Faculdade de Medicina UFMG