Parecer sobre Termografia da Mama
A termografia consiste na detecção e leitura da radiação infravermelha emitida pelo corpo que pode ser convertida em valores de temperatura e então mapeada1,2,3. Trata-se de uma técnica militar que foi primeiramente aplicada na avaliação das mamas em 19571,2 e, embora Moskowitz et al. em 1976 tenha demonstrado que a termografia não é adequada para o rastreamento do câncer de mama1,2, em 1982 a termografia foi aprovada pelo Food & Drugs Administration (FDA) como método adjuvante a mamografia para a detecção do câncer de mama1,2,3.
Atualmente tem havido um interesse crescente e renovado no método. A associação da inteligência artificial e redes neurais aos diversos métodos de imagem da mama traz novas perspectivas nesse campo, inclusive para a termografia1,2,3. Em 2017, o FDA, em parecer oficial, reiterou que a termografia não deveria ser utilizada como substituto da mamografia no rastreamento ou diagnóstico precoce do câncer de mama4.
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda contra o rastreamento do câncer de mama com termografia, seja isoladamente, seja em conjunto com a mamografia (recomendação contrária forte: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios)5, pois até o momento não foram identificados estudos sobre a eficácia do rastreamento com termografia mamária na redução da mortalidade geral ou por câncer de mama5. Também não foram identificados estudos que demonstrem benefícios na incorporação da termografia na linha de cuidados da mama5. Sendo assim, a Comissão Nacional de Mamografia (CBR/FEBRASGO/SBM) afirma que:
- A Mamografia salva vidas e é o único método comprovado capaz de, por meio do diagnóstico precoce, reduzir a mortalidade do câncer de mama5.
- Nenhum método substitui a mamografia como forma de rastreamento e prevenção do câncer de mama5.
- A termografia não demonstrou, até o momento, nenhum benefício adicional no rastreamento e diagnóstico do câncer de mama5.
- Em concordância com o Ministério da Saúde, a Comissão Nacional de Mamografia (CBR/FEBRASGO/ SBM) recomenda contra o rastreamento do câncer de mama com termografia, seja isoladamente, seja em conjunto com a mamografia (recomendação contrária forte: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios)5.
- Em face das evidências disponíveis atualmente, o uso da termografia como método de rastreamento e diagnóstico deve ser restrito ao ambiente de pesquisa5.
Referências:
- Aayesha Hakim, R N Awale: Thermal Imaging – An Emerging Modality for Breast Cancer Detection: A Comprehensive Review. J Med Syst. 2020 Jul 1;44(8):136.
- Ramesh Omranipour, Ali Kazemian, Sadaf Alipour, Masoume Najafi, Mansour Alidoosti, Mitra Navid, Afsaneh Alikhassi, Nasrin Ahmadinejad, Khojasteh Bagheri, Shahrzad Izadi: Comparison of the Accuracy of Thermography and Mammography in the Detection of Breast Cancer. Breast Care 2016;11:260–264
- Deepika Singh, Ashutosh Kumar Singh: Role of image thermography in early breast cancer detection- Past, present and future. Comput Methods Programs Biomed. 2020 Jan;183:105074.
- official statement on thermography by the FDA see https://www.fda.gov/forconsumers/consumerupdates/ucm257499.htm.
- Ministério da Saúde Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA): Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil. Rio de Janeiro, RJ INCA 2015.
Comissão Nacional de Mamografia (CBR, FEBRASGO, SBM)