A recente divulgação do concurso público – Edital Nº01/2018 – realizado pela Prefeitura Municipal de Pinheiral, situado na Região Sul do Rio de Janeiro, oferecendo a remuneração de R$ 954,00 para uma vaga de médico mastologista, em carga horária de 20h de trabalho, expõe, no mínimo, um equívoco quanto ao reconhecimento da qualificação em Mastologia, especialidade médica responsável pela saúde da mama. O referido concurso exige que o profissional tenha curso superior em Medicina, acrescido de especialização ou residência médica em Mastologia e registro respectivo do conselho de classe, ou seja, alto nível de exigência, mas com uma contrapartida muito aquém do razoável.
Neste contexto, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), entidade sexagenária e que representa os mastologistas em todo o território nacional, repudia veementemente o baixo salário oferecido e recomenda que os mastologistas se posicionem de forma a não aceitar esse acordo trabalhista, não compactuando com tamanha discrepância e desrespeito a uma das especialidades médicas que mais cresce no país.
A SBM não estimula que os profissionais se submetam a uma proposta de trabalho com remuneração que fere a dignidade da especialidade, da profissão e do cidadão em si. Vale ressaltar que a trajetória do médico mastologista exige dedicação, considerando o período de formação após o curso de medicina de pelo menos cinco anos, e a especialização que requer, em verdade, não só um período específico, mas a manutenção e frequente atualização da literatura científica.
O mastologista brasileiro faz parte de um rol seletivo na comunidade da Mastologia internacional, muitos com formação nas melhores escolas europeias e americanas, participando de cursos e promovendo, anualmente, eventos científicos dos quais são apresentados, discutidos e lançados estudos, técnicas e novos procedimentos e medicamentos para a prevenção e tratamento da mulher.
A Sociedade Brasileira de Mastologia se destaca pelo combate ao câncer de mama, segunda maior causa de morte das mulheres no país. Assim, não pode tolerar, de modo algum, esse vilipêndio da importância desse especialista, que representa um desrespeito não apenas ao profissional, mas muito mais, à população que deve ser a mais beneficiada por um serviço de excelência.
Antônio Frasson
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia
Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2018.