O Congresso Americano da Associação Americana de Pesquisa em Câncer (AACR) divulgou recentemente os resultados do estudo MINDACT(Microarray for Node Negative Disease may Avoid Chemotherapy), que integra conhecimentos genômicos com as informações de risco do Adjuvant Online em pacientes com câncer de mama. O objetivo do estudo foi investigar o papel da integração entre as informações clínicas e genômicas a fim de personalizar o tratamento das pacientes com Receptores Hormonais positivos.
As 6.693 pacientes incluídas no Estudo MINDACT tinham avaliação pelo Adjuvant Online! e uma avaliação genômica através da assinatura de 70 genes (Mammaprint) para avaliar o risco de recorrência à distância. Houve 2.745 pacientes com um baixo risco no Adjuvant Online! e no Mammaprint, e não receberam quimioterapia. Houve 1.806 pacientes com alto risco pelo ADJUVANT ONLINE e pelo Mammaprint, e receberam quimioterapia. As restantes 2.142 pacientes se encontraram no grupo discordante: 592 pacientes tiveram um baixo risco clínico e alto risco por Mammaprint, e 1.550 pacientes tiveram alto risco clínico e baixo risco genômico.
Cada um destes dois grupos foi randomizado para receber quimioterapia e hormonioterapia x hormonioterapia apenas. A Sobrevida Livre de Doença a Distância em cinco anos foi de aproximadamente 95% para os dois grupos discordantes (alto risco genômico/baixo risco clínico ou alto risco clínico/baixo risco genômico) independente de terem recebido quimioterapia ou não. Chama a atenção que no alto risco clínico/baixo risco genômico 48 % dos pacientes tinham axila positiva. Para o grupo de pacientes com alto risco clínico pelo Adjuvant Online! a incorporação do teste genômico pelo Mammaprint pode reduzir o uso de quimioterapia em 46% se aquelas com baixo risco genômico evitarem quimioterapia.
Os resultados deste estudo embasam a utilização da assinatura genômica como uma estratégia de avaliação prognóstica em pacientes de alto risco clínico receptores hormonais positivos, incluindo aqueles com 1-3 linfonodos positivos. A análise genômica do tumor permite uma individualização do tratamento com consequente diminuição do uso de quimioterapia desnecessária em um grupo significativo de pacientes.
Informações adicionais são esperadas para os próximos anos a partir de dois estudos genômicos usando o escore de recorrência de 21 genes (Oncotype Dx), cuja randomização foi concluída e os resultados são esperados: o Estudo TailoRex (estudo randomizado de pacientes com linfonodos negativos que têm escore de risco intermediário e que são randomizados para receberem hormonioterapia e quimioterapia ou apenas hormonioterapia) e o estudo RxPonder (randomização de pacientes com 1-3 linfonodos positivos e que têm escore de recorrência baixo-intermediário para receberem hormonioterapia com quimioterapia ou apenas hormonioterapia). Vamos aguardar.