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A grande evolução da cirurgia no tratamento do câncer de mama reduziu muito o temor da mutilação cirúrgica. As técnicas de oncoplástica, entre outros desenvolvimentos, são os responsáveis. Hoje, o temor da paciente, além do risco da doença em si, é a quimioterapia e seus efeitos adversos. Como nas últimas décadas as indicações de quimioterapia se ampliaram, esse temor é corriqueiramente concretizado em realidade.
Ao mesmo tempo em que ampliaram as indicações de quimioterapia consolidou-se a noção de que a grande maioria das pacientes (mais de 90%), que preenchem os critérios de indicação, na realidade não se beneficiam do tratamento. Ou seja, para conseguir curar uma paciente que já foi operada com quimioterapia, precisamos tratar dezenas de outras desnecessariamente. A incapacidade de identificar as pacientes que não precisam ou não se beneficiam da quimioterapia está no centro do problema.
As tecnologias de identificação de perfil genético dos tumores são a ferramenta crucial para identificar uma grande parte das pacientes que não precisam e não se beneficiam do tratamento quimioterápico. A plataforma baseada em 70 genes denominada Mamaprint comprovou ser capaz de cancelar cerca de 46% dos tratamentos de quimioterapia no estudo Mindact. Isso representa não apenas a remoção do fantasma dos efeitos adversos da quimioterapia, mas uma redução de custos. Esse tipo de tecnologia será cada vez mais incorporada na tomada de decisão sobre o tratamento. Quem ganha com essa inovação são as pacientes e o sistema de saúde pela redução de gastos.
Por isso, as pacientes podem solicitar esta técnica ao seu mastologista, que pode avaliar se, no seu caso, a quimioterapia não tenha necessidade de ser indicada.
Dr. João Henrique Penna Reis
Responsável pela Comissão de Honorários