Ministério da Saúde amplia acesso à mamografia a partir dos 40 anos
Sociedade Brasileira de Mastologia comemora decisão histórica, reforça importância do diagnóstico precoce e explica o que muda para as mulheres brasileiras
O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (23) uma mudança histórica na política nacional de rastreamento do câncer de mama: a partir de agora, mulheres de 40 a 49 anos poderão realizar mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS) mesmo sem sinais ou sintomas da doença, mediante decisão conjunta com o profissional de saúde. A medida revoga as barreiras que dificultavam o acesso desse grupo etário ao exame e aproxima o Brasil das recomendações das principais sociedades médicas do mundo.
SBM defende rastreamento desde 2008
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) considera esta medida uma vitória para a saúde da mulher brasileira. Desde 2008, a entidade recomenda que o rastreamento mamográfico seja iniciado aos 40 anos, em frequência anual, posição defendida com base em evidências científicas e na realidade epidemiológica do país.
“Há muitos anos a SBM luta para que as brasileiras tenham acesso ao rastreamento precoce a partir dos 40 anos. Cerca de 40% dos casos de câncer de mama são diagnosticados entre os 40 e 50 anos, o que mostra o quanto essa decisão pode salvar vidas. Esta é uma conquista de toda a sociedade e resultado de um trabalho persistente de sensibilização junto ao poder público”, afirma Tufi Hassan, presidente da SBM.
Entenda o que mudou
Até então, o protocolo nacional de rastreamento recomendava a mamografia apenas para mulheres de 50 a 69 anos, com repetição a cada dois anos, independentemente de histórico familiar ou sintomas. Com o novo direcionamento do Ministério da Saúde, passam a valer as seguintes diretrizes:
• Mulheres de 40 a 49 anos: passam a ter direito ao exame, a partir de decisão conjunta com profissional de saúde, mesmo sem sinais ou sintomas.
• Faixa de 50 a 74 anos: segue com rastreamento regular a cada dois anos, mas agora com a faixa etária estendida até os 74 anos.
• Acima de 74 anos: a indicação será personalizada, considerando histórico clínico e expectativa de vida.
Segundo o Ministério, a ampliação de acesso para a faixa de 40 a 49 anos e a extensão até os 74 representam um convite para que mais mulheres realizem o exame regularmente, fortalecendo o diagnóstico precoce.
Ministério da Saúde destaca impacto
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou que a medida é uma prioridade para reduzir o número de diagnósticos tardios.
“Garantir a mamografia a partir dos 40 anos no SUS é uma decisão histórica. Estamos ampliando o acesso ao diagnóstico precoce em uma faixa etária que concentra quase um quarto dos casos de câncer de mama. Enquanto alguns países erguem barreiras e restringem direitos, o Brasil dá o exemplo ao priorizar a saúde das mulheres e fortalecer o sistema público”, destacou.
Compromisso contínuo da SBM
A SBM celebra o avanço, mas lembra que ainda existem desafios importantes, como ampliação do alcance, garantia de tecnologia de ponta e acesso universal aos medicamentos estratégicos.
“Comemoramos esta conquista, mas nosso compromisso é permanente. Seguiremos acompanhando de perto a implementação dessas políticas públicas, monitorando os indicadores de saúde mamária e cobrando sua efetiva regulamentação e inclusão no orçamento. Em saúde, não basta estar no papel, é preciso garantir que o acesso aconteça na prática, com qualidade e equidade para todas as mulheres brasileiras”, conclui Tufi Hassan.
Board discute cuidados para câncer e obesidade
Nesta semana, o Instituto Oncoguia realizou mais uma edição do Board de Câncer e Obesidade. A iniciativa, cuja primeira reunião ocorreu em 2024, tem como objetivo reunir especialistas de diversas áreas da saúde para aprofundar a discussão sobre a relação entre câncer e obesidade e desenvolver estratégias que aprimorem o cuidado aos pacientes.
O Board é atualmente composto por 13 entidades atuantes em diferentes áreas da saúde: Febrasgo, Grupo Eva, Obesidade Brasil, Painel Brasileiro de Obesidade (PBO), Oncoguia, Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Nutrição Oncológica (SBNO), Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia (SBPO) e Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Durante esta edição, os participantes destacaram a importância de ampliar o conhecimento sobre a relação entre as duas doenças, reforçando a necessidade de mais pesquisas e estudos, além da capacitação de profissionais de saúde para garantir um cuidado mais qualificado e humanizado.
O grupo avança agora na elaboração de iniciativas conjuntas para orientar profissionais de saúde em todo o país e fortalecer a qualidade e a integralidade do atendimento às pessoas que convivem com essas duas condições.
Conteúdo produzido pela equipe do Instituto Oncoguia - Acesse o site em www.oncoguia.org.br