Nota: anticoncepcionais aumentam risco de câncer de mama
Estudo publicado no New England Jornal of Medicine, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, revela que o risco de câncer de mama é maior para as usuárias de anticoncepcionais em relação àquelas que nunca recorreram ao medicamento. O estudo também afirma que o risco é elevado na medida em que aumenta o tempo de uso tanto para as mulheres que usam atualmente quanto para as que utilizaram no passado.
A pesquisa foi realizada com 1,8 milhão de mulheres da Dinamarca, na faixa etária entre 15 e 49 anos, que não tinham tido câncer, assim como não tinham tido tromboembolismo ou feito tratamento para infertilidade. A partir do registro nacional, os pesquisadores obtiveram dados individualizados a respeito do uso de anticoncepcionais orais, diagnóstico de câncer de mama e fatores que pudessem confundir as informações. As pacientes foram acompanhadas por um tempo médio de 10 anos e foram identificados 11.517 casos de câncer de mama. Houve um caso a mais de câncer do que o esperado para cada 7.690 usuárias de anticoncepcionais hormonais.
Quando os dados foram comparados com os de mulheres que nunca usaram anticoncepcionais, o risco relativo de ter câncer de mama foi 20% superior em relação às não usuárias. O risco foi 9% superior a partir de um ano de uso e até 38% superior a partir de 10 anos. Isto significa, por exemplo, que se a chance de ter câncer de mama até os 50 anos é de 2%, para quem usou o medicamento por um ano o risco foi de 2,2%. E para quem usou por mais de 10 anos o risco foi de 2,76%.
Não houve algum tipo de anticoncepcional que não tenha tido relação com aumento de risco, inclusive os DIUs com progesterona.
O estudo não avaliou o impacto na mortalidade geral por câncer. Sabemos que anticoncepcionais reduzem o risco de câncer de ovário, de endométrio e câncer colorretal. Além disso, mulheres que usam anticoncepcionais são mais bem acompanhadas em relação as que não usam. Talvez, quando a avaliação de mortalidade por câncer for analisada, o risco de morrer por esta doença em geral possa ser inclusive menor.
Nem o estudo publicado e nem a Sociedade Brasileira de Mastologia recomendam que as mulheres interrompam o uso do anticoncepcional que estiverem utilizando. Baseado neste estudo e em estudos prévios sobre a relação ao uso de anticoncepcionais orais e câncer de mama, a Sociedade Brasileira de Mastologia sugere que cada usuária de anticoncepcionais avalie ou discuta com o seu médico sobre os riscos e os benefícios desta decisão. Isso porque o aumento de risco é relativo, dependendo da idade e do tempo de uso.
SBM alerta que “rosa” é o ano todo e prevenção é fundamental
Na semana em que celebramos o Dia Nacional da Mamografia (05/02), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) faz um alerta às mulheres para que fiquem atentas o ano todo quanto à questão da prevenção e diagnóstico precoce. Embora, a entidade reconheça e valorize a importância do Outubro Rosa, ela lembra que o engajamento deve ser constante, pois o câncer de mama segue como a segunda maior causa de morte das mulheres no Brasil e esse quadro está longe de ser revertido. O câncer de mama acomete homens e mulheres, sendo 100 vezes mais frequente nas mulheres.
Diversos estudos questionam a idade e periodicidade ideal para realização do exame de mamografia rotineiro para as mulheres. Por isso, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), preocupada com o alto índice de tumores avançados que atinge nossa população, recomenda que a mamografia seja realizada anualmente nas mulheres a partir dos 40 anos para detecção do diagnóstico precoce. Esta recomendação deve-se a diversos fatores, incluindo a evidência de redução de 15 % de mortalidade em mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos e cerca de 30% a partir dos 50 anos.
Soma-se aos dados acima, características próprias da população brasileira, com pirâmide etária mais jovem do que nos países europeus, dos quais foram realizados os maiores estudos, assim como incidência de cerca 20% a 40% dos casos de câncer de mama em mulheres entre 40 e 49 anos. Destaca-se que não existe exame perfeito. A realização da mamografia como um teste diagnóstico pode apresentar resultados falsos positivos (descrever uma alteração que não existe), assim como falsos negativos (existir um tumor e não aparecer no exame).
Desta forma, a SBM recomenda que as mulheres procurem o mastologista uma vez por ano para realizarem o exame clínico minucioso das mamas. Defende ainda, em conjunto com o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), um programa rigoroso de controle de qualidade das mamografias, já que um exame de maior qualidade permite melhor acerto diagnóstico, menos resultados falsos positivos, como consequente menor taxa de realização de biópsias, e menores resultados falsos negativos.
A Sociedade Brasileira de Mastologia também chama atenção para o acesso das mulheres com alterações clínicas ou radiológicas para que seja facilitado no Brasil, já que muitas vezes, entre o início dos sintomas e/ou percepção da alteração no exame, elas levem de 6 a 12 meses para procurar o especialista por falta de disponibilidade, sobretudo no serviço público. Este quadro drástico é lamentável e precisa ser modificado com urgência. Os cerca de dois mil mastologistas distribuídos por todo o Brasil estão mobilizados nesta causa, que é um problema de todos.
Além da realização de consultas e exames periódicos, a SBM reforça a necessidade da busca por hábitos saudáveis de vida, com prática regular de exercícios, dietas pobres em gordura, combate a obesidade e aumento da cintura abdominal, sabidamente relacionadas com o aumento do risco de desenvolver câncer de mama, sobretudo nas mulheres após a menopausa, como demonstram diversos estudos realizados.
Desta forma, salientamos os principais sintomas relacionados ao câncer de mama e orientamos as mulheres a procurarem o mastologista, o quanto antes na presença de um destes sintomas a saber:
Caroço nos seios
O nódulo pode ter o conteúdo líquido, conhecido como cisto, e geralmente é regular, móvel e não está relacionado a câncer. Nódulos sólidos, endurecidos e fixos geram uma maior preocupação.
Alergia nos mamilos
Traços vermelhos semelhantes à picada de inseto, erupção cutânea ou reação alérgica podem ser um aviso de doença grave e até mesmo câncer de mama.
Pele retraída
Alguns tumores podem crescer dentro da mama e repuxar a pele perto dele. Uma entrada na pele que não existia deve chamar a atenção.
Inchaço e sensação de calor
O inchaço do seio com a sensação de calor e peso pode ser um sinal de câncer de mama, principalmente quando for de um lado só.
Ferida nos seios
Aparição de ferida ou úlcera que não cicatriza.
Mudança na pele ao redor do mamilo
A pele que fica ao redor do peito fica mais quente, escamosa, vermelha ou inchada.
Saída de Secreção pelo mamilo (papila ou bico)
A aparição de secreção do tipo sangue ou água ou no bico do seio deve sempre ser investigada.
A Sociedade Brasileira de Mastologia é solidária com todas as famílias que sofrem com o diagnostico do câncer de mama. A entidade deseja que as pessoas acometidas por esta doença tenham rápido acesso aos meios diagnósticos e de tratamento, revertendo o triste quadro de lentidão e morosidade observado atualmente. Para a SBM, o seu direito é a nossa luta!