Terapia Hormonal após Câncer de Mama: O que dizem as evidências científicas?
29 de abril de 2025Para o médico,Para a população
Recentemente, o público recebeu informações sobre uso de terapia hormonal (TH) para pacientes que tiveram câncer de mama. Diante disso, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) resolveu se manifestar sobre estas publicações na rede social, dada a gravidade de estimular mulheres tratadas de câncer de mama a usarem hormônios para sintomas climatéricos.
O câncer de mama é uma contraindicação clássica ao uso de terapia hormonal do climatério/menopausa no conhecimento atual, por diferentes motivos. Primeiramente, já que se trata de tumor que predomina em mulheres e tem profunda participação dos esteroides sexuais femininos na sua fisiopatologia. Além disso, estudos clínicos bem estruturados que investigaram o uso de terapia hormonal em mulheres que sobreviveram ao câncer de mama, com o objetivo de determinar se a terapia hormonal estaria associada a um risco aumentado de recorrência ou desenvolvimento de novos cânceres de mama, evidenciaram aumento de risco de recorrência da neoplasia, consequentemente não autorizando essa prática. E é essa a evidência que, até hoje, profissionais de saúde se balizam para contraindicar o uso de hormônios.
O artigo utilizado nessa fala das redes sociais, foi uma revisão narrativa publicada em 2022, tipo de estudo que não baliza tomada de decisão. É importante entender que publicações científicas não são iguais entre si. Estudos com método científico mais estruturado possuem maior nível de evidência do que outros.
Neste sentido, revisões narrativas têm um baixo nível de evidência na hierarquia tradicional da medicina baseada em evidências (MBE), ficando abaixo de revisões sistemáticas, metanálises e ensaios clínicos randomizados. Isso ocorre porque não seguem um protocolo sistemático e transparente, a seleção dos estudos incluídos pode ser subjetiva e tendenciosa e podem refletir mais a opinião do autor do que uma análise abrangente da literatura. Na revisão narrativa, o autor escolhe quais estudos quer mencionar. Nas revisões sistemáticas, é necessário mencionar todos os estudos, mesmo que as conclusões sejam divergentes da opinião de quem faz a revisão. Por isto, revisões narrativas podem trazer maior número de vieses.
Veja que o paradigma que tem que ser quebrado é oferecer hormônios à mulher curada, em tempos de alta incidência dessa doença, e que estamos avançando no diagnóstico precoce e melhorando armas de tratamento que levam a uma maior sobrevida às mulheres. Para isto, precisaríamos de ensaio clínico randomizado sólido mostrando este benefício, o que é difícil, pois teríamos que oferecer hormônios a um braço da pesquisa à sobrevivente de câncer de mama, o que esbarra em aspectos éticos, posto que outros estudos neste sentido já foram realizados (HABITS, Stockholm, LIBERATE) e não endossam a segurança desta prescrição.
Somos totalmente favoráveis à melhoria de qualidade de vida das mulheres que tem câncer de mama, defendemos programas de survivorship que buscam este objetivo, mas não temos ainda segurança, baseada em evidência, para oferecer TH sistêmica a estas pacientes. Existem alternativas não-hormonais para tratamento dos sintomas vasomotores, que podem ser oferecidas com maior segurança.
Menopausal hormone therapy after breast cancer: the Stockholm randomized trial. von Schoultz E, Rutqvist LE. J Natl Cancer Inst . 2005 Apr 6;97(7):533-5.
Hormone replacement therapy after breast cancer: 10 year follow up of the Stockholm randomised trial. Fahlén M, Fornander T , Johansson H , Johansson U , Rutqvist L , Wilking N , von Schoultz E. European Journal of Cancer 49 (2013) 52–59.
HABITS (hormonal replacement therapy after breast cancer--is it safe?), a randomised comparison: trial stopped. Holmberg L, Anderson H, HABITS steering and data monitoring committees. Lancet. 2004 Feb 7;363(9407):453-5.
Increased risk of recurrence after hormone replacement therapy in breast cancer survivors. Holmberg L, Iversen O, Rudenstam CM. HABITS Study Group. J Natl Cancer Inst. 2008 Apr 2;100(7):475-82.
Safety and efficacy of tibolone in breast-cancer patients with vasomotor symptoms: a double-blind, randomised, non-inferiority trial. Kenemans P , Bundred N J, Foidart J. LIBERATE Study Group. Lancet Oncol. 2009 Feb;10(2):135-46.
Effects of tibolone on climacteric symptoms and quality of life in breast cancer patients--data from LIBERATE trial. Sismondi P, Kimmig R, Kubista E, et al. Maturitas. 2011 Dec;70(4):365-72.
SBM parabeniza Dr. Henrique de Lima Couto por contribuição ao consenso internacional da ASCO
11 de abril de 2025Para o médico,Para a população
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) gostaria de parabenizar nosso associado, Dr. Henrique de Lima Couto, pela autoria do artigo de atualização do consenso da ASCO sobre cirurgia de linfonodo sentinela em câncer de mama.
As diretrizes da ASCO têm papel relevante no cenário internacional e contribuem para decisões no tratamento de pacientes em inúmeras partes do mundo.
A presença de um brasileiro nesta importante publicação já seria motivo de júbilo, mas ainda temos mais um ponto a ressaltar.
O Dr. Henrique coloca a SBM como instituição de referência, trazendo visibilidade internacional à nossa instituição e seus associados.
Tal iniciativa fortalece especialistas brasileiros e contribui para o fortalecimento de nossa especialidade.
Sendo assim, também aproveitamos para agradecer ao Dr. Henrique pela iniciativa.
Atenciosamente,
Augusto Tufi Hassan
Clique aqui para baixar o PDF do estudo.
Rastreamento mamográfico: entre benefícios e danos para as mulheres
20 de março de 2025Para o médico,Para a população
Estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) utiliza o filme ‘Meu Malvado Favorito’ como alegoria para avaliar prós e contras que envolvem um exame importante para a detecção precoce do câncer de mama
Estudo conduzido pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) aborda aspectos divergentes do rastreamento mamográfico. Se por um lado o exame demonstra eficácia na diminuição da mortalidade por câncer de mama, no diagnóstico da doença em estágios menos avançados, na redução da necessidade de mastectomias, na menor frequência de dissecções axilares e no uso mais limitado da quimioterapia, por outro especialistas associam o rastreamento mamográfico a efeitos indesejáveis, entre eles os resultados falso-positivos que acarretam sofrimento psicológico às pacientes que recebem o diagnóstico. Na avaliação comparativa, o mastologista Ruffo Freitas-Junior, assessor especial da SBM e primeiro autor do estudo, afirma que os dados espelham uma situação de contrastes, “comparável à trama do filme Meu Malvado Favorito”. Assim como o personagem principal Felonius Gru, observa o especialista, por vezes a estratégia para detecção da doença assume contornos de heroísmo. Em outras, toma para si o papel de vilã.
O artigo “Rastreamento mamográfico: Herói ou vilão?” foi publicado na Revista da Associação Médica Brasileira (RAMB). Autor do estudo, juntamente com Aline Ferreira Bandeira de Melo Rocha, Rafael Batista João, André Mattar e Luciano Fernandes Chala, especialistas de diversas áreas médicas, Ruffo Freitas-Junior propõe a discussão do rastreamento mamográfico sob vários aspectos, incluindo o custo-benefício do procedimento com a redução de gastos a partir da detecção e do tratamento precoces do câncer de mama.
“Ao lançarmos mão da narrativa de Meu Malvado Favorito, e mais especificamente o comportamento complexo do personagem Gru, que oscila entre a vilania e a virtude, buscamos uma alegoria parar abordar diferentes considerações sobre o rastreamento mamográfico no Brasil”, destaca o autor.
Amplamente testada em inúmeros ensaios clínicos e avaliada recentemente em uma meta-análise por inteligência artificial, a mamografia como recurso para detectar precocemente o câncer de mama elenca vários benefícios. “Podemos dizer que sob o ‘aspecto heroico’, o rastreamento mamográfico está associado à redução da mortalidade a partir da descoberta do tumor em estágio inicial”, diz. O exame também pressupõe menor necessidade de cirurgias radicais e a redução de tratamento adjuvante, com a possibilidade de se evitar a quimioterapia. De acordo com o mastologista, outro ponto a ser observado é o custo-benefício. “Quanto mais cedo se descobre o câncer, menores são os gastos para tratar a doença”, ressalta.
No estudo publicado pela RAMB, os especialistas também consideram o rastreamento mamográfico como “vilão”. Um dos aspectos problemáticos diz respeito ao sobrediagnóstico, associado a tratamentos desnecessários. “A magnitude do sobrediagnóstico é controversa”, afirma o assessor da SBM. As estimativas variam entre 0% e 54% nos estudos e de 11 a 22% em ensaios clínicos randomizados”, destaca.
O especialista cita também os resultados falso-positivos. Segundo Freitas-Junior, os resultados falso-positivos ocorrem quando a recomendação para biópsia leva a um resultado patológico benigno. A frequência dessas recomendações varia entre 7% e 9,4% por década de rastreamento anual, indica o estudo.
O risco de desenvolvimento de câncer de mama por radiação no rastreamento mamográfico existe, embora afete 10 entre 100 mil mulheres entre 50 e 85 anos submetidas ao exame ao longo da vida.
Na conclusão do estudo, os autores consideram que entre a dualidade “heroica ou vilã” do rastreamento mamográfico, os benefícios gerados pelo exame para mulheres a partir de 40 anos de idade evidenciam muito mais o aspecto heroico. “Dessa forma, ressaltamos que é fundamental que o exame seja implementado nacionalmente a partir desta faixa etária, e não dos 50 aos 69 anos, a cada dois anos, como preconizado pelo Ministério da Saúde”, afirma. Esta estratégia colocada em prática no serviço público de saúde há mais de 20 anos, segundo o especialista, tem se mostrado ineficaz, uma vez que uma em cada duas brasileiras atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) tem o tumor de mama detectado em fases avançadas.
“No momento em que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) se prepara para se reunir com as principais associações médicas do País com o propósito de definir as diretrizes de um programa de qualidade a ser lançado no futuro próximo, esperamos um entendimento que considere o rastreamento mamográfico como herói, e não como algoz das mulheres brasileiras que têm no exame a chance de um ótimo prognóstico de vida ao descobrir o câncer de mama de forma precoce”, conclui Ruffo Freitas-Junior.
Considerações da Sociedade Brasileira de Mastologia sobre o exame imunoistoquímico em câncer de mama
14 de março de 2025Para o médico,Para a população
A Sociedade Brasileira de Mastologia gostaria de apresentar consternação e preocupação com informações recebidas por associados sobre a demora dos resultados de imunoistoquímica (IHQ) para o manejo do câncer de mama no cenário nacional.
A imunoistoquímica desempenha papel fundamental no manejo do câncer de mama, pois permite um tratamento personalizo e melhor desfecho de sobrevivência.
Personalização das Decisões de Tratamento
A IHQ é utilizada para analisar o tecido tumoral em busca de biomarcadores específicos, como os receptores de estrogênio (RE), receptores de progesterona (RP) e a proteína HER2. Determinar a presença ou ausência desses receptores é fundamental:
Receptores Hormonais (RE e RP): Se o tumor expressa esses receptores, os pacientes provavelmente se beneficiarão de terapias endócrinas (hormonais), como o tamoxifeno ou inibidores de aromatase. Esses tratamentos bloqueiam os hormônios que estimulam o crescimento do câncer, reduzindo assim o risco de recorrência.
Status HER2: Para tumores que superexpressam a proteína HER2, podem ser introduzidas terapias direcionadas, como o trastuzumabe (Herceptin). Embora os tumores HER2-positivos tendam a ser mais agressivos, a disponibilidade dessas terapias direcionadas melhorou significativamente os desfechos neste subgrupo.
Impacto nos Desfechos de Sobrevivência
A avaliação precisa proporcionada pela IHQ não apenas orienta a escolha de terapias sistêmicas, mas também o momento oportuno do tratamento, ou seja, esses exames associados ao estádio clínico definem se a paciente se beneficiará com a cirurgia imediata ou com o início do tratamento sistêmico primário.
Ao compreender o comportamento biológico do tumor através do seu status de receptores:
- Os oncologistas podem prever melhor a agressividade do tumor e a resposta potencial ao tratamento.
- Os planos de tratamento podem ser otimizados para melhorar a sobrevivência geral, reduzir as taxas de recorrência e aprimorar a qualidade de vida.
- A medicina personalizada torna-se uma realidade, garantindo que os pacientes recebam as intervenções mais eficazes com base no perfil específico de seu câncer.
- Desafios causados pelo Atraso da Imunoistoquímica
O atraso pode ter implicações clínicas significativas:
- Início Atrasado do Tratamento: Um atraso na obtenção dos resultados da IHQ pode postergar o início das terapias adjuvantes — como as terapias endócrinas ou direcionadas — potencialmente reduzindo a janela de oportunidade para uma intervenção ideal e afetando a sobrevivência geral.
- Atraso do Tratamento Neoadjuvante (quimioterapia primária): Em casos agressivos ou avançados, o atraso do resultado retarda a escolha do medicamento e o início da terapia sistêmica.
- Incerteza na Tomada de Decisões Clínicas: Sem informações rápidas da IHQ, os clínicos podem enfrentar incertezas na seleção do regime de tratamento mais apropriado. Isso pode levar a abordagens de tratamento generalizadas, em vez das estratégias personalizadas que a IHQ suporta.
- Aumento da Ansiedade do Paciente: Atrasos na obtenção de informações diagnósticas definitivas podem aumentar a ansiedade dos pacientes durante um período já desafiador, potencialmente impactando seu bem-estar geral.
- Desafios Operacionais e Logísticos: Os atrasos podem resultar de limitações laboratoriais, restrições de recursos ou ineficiências processuais. Abordar essas questões é essencial para garantir que os pacientes recebam resultados precisos e em tempo hábil, facilitando decisões de tratamento rápidas.
Em resumo, os resultados desses exames são essenciais para a formulação de um plano de tratamento eficaz e individualizado, melhorando a sobrevivência dos pacientes. Sendo assim, a análise rápida e precisa da imunoistoquímica é, portanto, crucial para transformar o cuidado do câncer de mama em uma abordagem direcionada e bem-sucedida.
Demonstradas todas estas informações, a SBM gostaria de solicitar especial empenho aos serviços diagnósticos, assim como às fontes pagadoras (planos de saúde ou sistema público de saúde), no sentido de autorizar imediatamente a execução da imunohistoquímica frente ao diagnóstico histológico de câncer de mama, otimizar os processos burocráticos e agilizar os resultados.
Atenciosamente,
Augusto Tufi Hassan.
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (2023-2025).
Referências bibliográficas:
Early Breast Cancer Trialists' Collaborative Group (EBCTCG). Aromatase inhibitors versus tamoxifen in early breast cancer: patient-level meta-analysis of the randomised trials. Lancet. 2015 Oct 3;386(10001):1341-1352. doi: 10.1016/S0140-6736(15)61074-1. Epub 2015 Jul 23. PMID: 26211827.
Early Breast Cancer Trialists’ Collaborative group (EBCTCG). Trastuzumab for early-stage, HER2-positive breast cancer: a meta-analysis of 13 864 women in seven randomised trials. Lancet Oncol. 2021 Aug;22(8):1139-1150. doi: 10.1016/S1470-2045(21)00288-6. PMID: 34339645; PMCID: PMC8324484.
Schmid P, Cortes J, Dent R, McArthur H, Pusztai L, Kümmel S, Denkert C, Park YH, Hui R, Harbeck N, Takahashi M, Im SA, Untch M, Fasching PA, Mouret-Reynier MA, Foukakis T, Ferreira M, Cardoso F, Zhou X, Karantza V, Tryfonidis K, Aktan G, O'Shaughnessy J; KEYNOTE-522 Investigators. Overall Survival with Pembrolizumab in Early-Stage Triple-Negative Breast Cancer. N Engl J Med. 2024 Nov 28;391(21):1981-1991. doi: 10.1056/NEJMoa2409932. Epub 2024 Sep 15. PMID: 39282906.
Steventon L, Kipps E, Man KK, Roylance R, Forster MD, Wong IC, Baser M, Miller RE, Nicum S, Shah S, Almossawi O, Chambers P. The impact of inter-cycle treatment delays on 5-year all-cause mortality in early-stage breast cancer: A retrospective cohort study. Eur J Cancer. 2024 Oct;210:114301. doi: 10.1016/j.ejca.2024.114301. Epub 2024 Aug 25. PMID: 39216173.
Inscrições abertas para o Certificado de Área de Atuação em Mamografia - Edição 2025
10 de março de 2025Para o médico
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) informa que estão abertas as inscrições para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Mamografia, edição 2025, concedido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR).
As inscrições deverão ser realizadas no período de 9h do dia 10 de março até às 23h59min do dia 31 de março de 2025, exclusivamente pelo portal do CBR (https://cbr.org.br/prova-titulo-especialista/), por meio do Acesso do Candidato. Ressaltamos que os candidatos devem atentar-se aos horários bancários para efetivação da inscrição.
Para mais informações, consulte a normativa da edição 2025 no site do CBR clicando aqui.
Clique aqui para acessar o site do CBR
Entidades médicas reforçam importância da mamografia a partir dos 40 anos e encaminham parecer técnico à ANS
28 de fevereiro de 2025Para o médico,Para a população
Documento técnico enviado à ANS reforça a necessidade do rastreamento mamográfico a partir dos 40 anos para garantir diagnóstico precoce e reduzir a mortalidade por câncer de mama
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), juntamente com outras entidades médicas, encaminhou nesta semana um parecer técnico-científico à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em resposta ao pedido de informações sobre o rastreamento do câncer de mama. O documento, assinado em conjunto com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), destaca a importância da mamografia a partir dos 40 anos e defende que essa recomendação seja mantida tanto no sistema público quanto na saúde suplementar.
A mobilização das entidades médicas ocorre após a consulta pública promovida pela ANS, que propôs a elevação da idade mínima para rastreamento nos planos de saúde para 50 anos, com periodicidade bienal. A iniciativa gerou forte repercussão nacional, com manifestações contrárias de especialistas, artistas e da sociedade civil, que apontam os riscos da restrição no acesso ao exame e o impacto negativo no diagnóstico precoce.
O presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Dr. Tufi Hassan, enfatiza que a mamografia a partir dos 40 anos é essencial para detectar o câncer em estágios iniciais, aumentando as chances de cura e reduzindo a necessidade de tratamentos agressivos. “Cerca de 40% dos casos de câncer de mama no Brasil ocorrem entre os 40 e 50 anos. Se essa faixa etária não tiver acesso garantido à mamografia, veremos mais diagnósticos tardios e casos avançados, comprometendo os índices de sobrevida das pacientes. A detecção precoce salva vidas e deve ser prioridade”, alerta o especialista.
A recomendação das entidades médicas se baseia em evidências científicas consolidadas, que demonstram que a mamografia reduz a mortalidade por câncer de mama ao identificar tumores ainda pequenos, muitas vezes antes mesmo de apresentarem sintomas. Atualmente, 40% dos diagnósticos no Brasil ocorrem em estágios localmente avançados ou metastáticos, cenário que poderia ser revertido com um rastreamento ampliado e eficiente. Nos Estados Unidos, a USPSTF (U.S. Preventive Services Task Force) revisou suas diretrizes em 2024 e passou a recomendar a mamografia a partir dos 40 anos, reforçando a importância desse modelo de rastreamento para a redução da mortalidade.
“O câncer de mama continua sendo o tipo mais incidente entre as mulheres, e estima-se que 73.610 novos casos sejam diagnosticados por ano no Brasil até 2025. O rastreamento precoce não apenas reduz a necessidade de tratamentos agressivos, como também garante melhor qualidade de vida às pacientes”, afirma Dr. Tufi Hassan.
A SBM e as demais entidades signatárias do parecer técnico seguem dialogando com a ANS para garantir que o rastreamento mamográfico continue acessível a todas as mulheres a partir dos 40 anos. O documento detalha as evidências científicas que embasam essa recomendação e está disponível no site da SBM (www.sbmastologia.com.br).
“A ciência já demonstrou que a detecção precoce é fundamental para reduzir a mortalidade por câncer de mama. Esse parecer técnico é um passo essencial para garantir que a decisão sobre o rastreamento seja tomada com base em evidências e na proteção da saúde das mulheres. O diálogo com a ANS está em andamento, e esperamos que esse posicionamento seja levado em consideração”, finaliza Dr. Tufi Hassan.
Com a mobilização de especialistas e da sociedade, a defesa da mamografia a partir dos 40 anos segue como prioridade da SBM e de suas entidades parceiras, garantindo que mais mulheres tenham acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado no momento certo.
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Dia Nacional da Mamografia traz um panorama preocupante sobre o câncer de mama no Brasil
5 de fevereiro de 2025Para o médico,Para a população
Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) revela que a cobertura mamográfica pelo SUS atinge apenas 33% da população-alvo no País. Aumento dos casos da doença e potencial diminuição das chances de cura preocupa especialistas
O Dia Nacional da Mamografia, instituído por lei em 2008, chama a atenção para uma situação preocupante. Com base em informações disponibilizadas pelo Painel Oncologia do DATASUS, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) revela que a cobertura mamográfica pelo SUS (Sistema Único de Saúde) atinge atualmente apenas 33% da população-alvo no País. Esta constatação vem acompanhada de um dado ainda mais alarmante: 70% das mulheres atendidas pelo serviço público de saúde descobrem sozinhas o próprio tumor. “Ou seja, pela palpação das mamas as pacientes detectam por si mesmas o câncer em estágio avançado, sem mesmo terem passado pelo exame de mamografia”, explica o mastologista Ruffo Freitas-Junior, assessor especial da SBM. Nesta etapa, ressalta o especialista, as dificuldades para o enfrentamento da doença são ampliadas, assim como os custos para o tratamento, e há uma drástica redução das chances de cura.
“Este é um ano especialmente desafiador para o rastreamento e o enfrentamento do câncer de mama no Brasil”, afirma Tufi Hassan, presidente da SBM. Hoje, destaca o mastologista, para ter uma cobertura mamográfica ideal, o SUS deveria realizar o exame em mais de 70% da população-alvo.
O Brasil dispõe de 6.550 mamógrafos em uso em 2025. “Este é um número considerado suficiente para atender a população-alvo”, afirma o assessor especial da SBM, Ruffo Freitas-Junior. No entanto, o especialista observa que além dos desafios associados ao rastreamento nacional de câncer de mama e à melhoria da infraestrutura de saúde, há a necessidade de ampliar o acesso, a conscientização e a educação da população. “Estas iniciativas devem ser integradas a políticas de saúde pública para que o Brasil alcance resultados mais eficazes e equitativos”, destaca.
Pelas dificuldades de acesso à mamografia, a Sociedade Brasileira de Mastologia constata o maior aumento do câncer de mama em mulheres abaixo dos 50 anos no País. Atualmente, pacientes com idades entre 40 e 50 anos respondem por 23% dos casos da doença no Brasil. Diante desta realidade, a SBM recomenda a realização do exame a partir de 40, e não aos 50 anos, como preconiza o SUS por meio do Ministério da Saúde.
No SUS, com rastreamento bienal entre 50 e 69 anos, apenas 5% dos diagnósticos são carcinoma in situ, ou em estágio inicial; 40% são estágios localmente avançado ou metastático, “o que comprova, na prática, a total ineficácia do modelo proposto”, ressalta Freitas-Junior.
De acordo com Tufi Hassan, os desafios em 2025 incluem um novo capítulo protagonizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação, normatização, controle e fiscalização de operadoras e planos privados de assistência à saúde. Por meio de Consulta Pública, o órgão pretende a realização do rastreamento organizado de câncer de mama por meio de mamografia em beneficiárias entre 50 e 69 anos a cada dois anos. “Estamos diante de um retrocesso que exige a participação de toda a sociedade, assim como a união das classes médicas para incentivar o diagnóstico precoce que, comprovadamente, salva vidas”, pontua o presidente da SBM. “É fundamental que as ações sejam respaldadas em estudos e pesquisas para proporcionar tratamentos adequados às mulheres”, completa.
Desde a biópsia até o primeiro tratamento, observam-se diferenças entre o SUS e a saúde suplementar. Em até 30 dias, os atendimentos representaram 21,1% no SUS e 45,4% no sistema privado. Entre 30 e 60 dias, o SUS registra 34%; a saúde suplementar, 40%. Acima de 60 dias, foram 44,9% no SUS e 14,6% no sistema privado. Neste sentido, a SBM também considera fundamental a aplicação da Lei nº 12.732 de 2012, que determina o início do tratamento no prazo máximo de dois meses.
Desde 1990, a mortalidade por câncer de mama no Brasil e na América Latina, de acordo com a SBM, aumenta continuamente. “Em uma data relevante, como o Dia Nacional da Mamografia, ressaltamos a importância de defendermos a qualidade assistencial para a maior efetividade no enfrentamento de uma doença com muitas opções de tratamento e excelente qualidade de vida para as pacientes, quando detectada precocemente”, conclui o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.
ANS quer aumentar a idade mínima para a realização de mamografia nos planos de saúde
22 de janeiro de 2025Para o médico,Campanhas,Para a população
Por meio da Consulta Pública nº 144, autarquia que regula as operadoras privadas de saúde no Brasil pretende que exame seja feito a partir de 50 anos de forma bienal. Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) destaca que a proposta dificulta ainda mais o rastreamento do câncer de mama no País
Mulheres com idades entre 40 e 50 anos respondem por 40% dos casos de câncer de mama no Brasil. A esta estatística preocupante acrescentem-se a incidência e mortalidade em decorrência da doença, que vêm aumentando progressivamente nos últimos anos. Diante deste panorama, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) vê com preocupação um indicador proposto na Consulta Pública nº 144 pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação, normatização, controle e fiscalização de operadoras e planos privados de assistência à saúde. Aberta à votação até a próxima quinta-feira (23/01), a consulta pretende a realização do rastreamento organizado de câncer de mama por meio de mamografia em beneficiárias entre 50 e 69 anos a cada dois anos. “Discordamos frontalmente deste indicador, que pode se igualar à idade mínima e à periodicidade do exame que o Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza”, afirma Henrique Lima Couto, coordenador do Departamento de Imagem Mamária da SBM e vice-presidente da SBM-MG. “Em três décadas, esta forma de rastreamento não diminuiu os casos avançados de câncer de mama, tampouco reduziu a mortalidade.”
A Consulta Pública nº 144 propõe alterações na Resolução Normativa (RN) nº 506, de 30 de março de 2022, que institui o Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde de Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde. “De forma geral, o programa vai melhorar a assistência de saúde das mulheres com câncer de mama”, observa Henrique Lima Couto. No entanto, o mastologista traz à discussão a possibilidade da mudança da idade mínima do rastreamento mamográfico para 50 anos.
Conforme a DUT 52 do Rol de Procedimentos da ANS, hoje a cobertura de mamografia digital é obrigatória para mulheres na faixa etária entre 40 e 69 anos. “Da forma como a agência propõe, as brasileiras que têm plano de saúde vão perder o direito de mamografia digital em qualquer idade. Também não poderão fazer o exame anualmente. E ainda não terão o direito de realizá-lo a partir dos 40 anos”, ressalta o especialista.
A SBM, que em conjunto com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) recomenda a idade mínima de 40 até 74 anos para rastreamento de câncer de mama no País, tanto na rede pública quanto no sistema suplementar, justifica sua preocupação a partir da votação da Consulta Pública nº 144. No SUS, com rastreamento bienal entre 50 e 69 anos, apenas 5% dos diagnósticos são carcinoma in situ, ou em estágio inicial; 40% são estágios localmente avançado ou metastático, o que comprova, na prática, a total ineficácia do modelo proposto.
A mortalidade do câncer de mama no Brasil e na América Latina, de acordo com a SBM, sobe continuamente desde 1990, diferentemente dos países desenvolvidos. No ano passado, nos Estados Unidos, o US Preventive Services Taks Force, painel voluntário independente de especialistas que ajudam a orientar as decisões dos médicos e influenciam os planos de saúde, passou a recomendar o rastreamento mamográfico a partir dos 40 anos de idade de forma bienal.
Para votar
De acordo com o mastologista Henrique Lima Couto, da SBM, é fundamental que a população participe votando na Consulta Pública nº 144. O especialista destaca, ainda, a importância do compartilhamento com o maior número possível de pessoas.
O link para a votação é https://componentes-portal.ans.gov.br/link/ConsultaPublica/144
No final da página, ao clicar em “Consulta Pública nº 144 – Contribua agora”, o cidadão pode enviar sua contribuição, preenchendo dados como nome, CPF/CNPJ, e-mail e tipo de contribuinte.
Mais abaixo, em Explique a situação, o Item de contribuição deve constar “Anexo III capítulo II”, que se refere à fundamentação teórica do tema.
Em Opinião, o próximo item, escreva “Discordo parcialmente”.
Finalmente, em Justificativa, o contribuinte pode escrever: “Cientificamente comprovado que mamografia a partir dos 40 anos reduz mortalidade.”
“O cenário ideal neste momento, por parte da Sociedade Brasileira de Mastologia e de outras entidades igualmente comprometidas com o enfrentamento do câncer de mama no Brasil, seria continuar as discussões que visam à redução da idade limite para a realização da mamografia no SUS, e não o aumento da faixa etária para o exame, como propõe a ANS”, afirma. “As mulheres beneficiadas pelos planos de saúde não podem perder um direito tão fundamental para as suas vidas”, conclui Henrique Lima Couto, da SBM.
Navegação do paciente para detecção precoce, diagnóstico e tratamento do câncer de mama
22 de novembro de 2024Para o médico
A Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC) foi instituída pela Lei nº 14.758, de dezembro de 2023. Ela criada com o objetivo de garantir o acesso ao cuidado integral, diminuir a incidência de câncer, melhorar a qualidade de vida dos diagnosticados e reduzir a mortalidade e incapacidade causadas pelo câncer. Entre seus princípios e diretrizes estão ações intersetoriais com a identificação e a intervenção nos determinantes do câncer, promovendo saúde e qualidade de vida através de ações conjuntas entre o governo e a sociedade civil.
Dentre as inovações da PNPCC, destacamos o Programa Nacional de Navegação da Pessoa com Diagnóstico de Câncer. A navegação do usuário consiste na busca ativa e no acompanhamento individual dos processos envolvidos no diagnóstico e no tratamento do câncer.
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Autoria:
Departamento de Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Mastologia
Sandra Gioia, Daniel Buttros, Paula Saab, Cleber Sérgio e Victor Rocha