Dia Nacional da Mamografia traz um panorama preocupante sobre o câncer de mama no Brasil

Dia Nacional da Mamografia traz um panorama preocupante sobre o câncer de mama no Brasil

Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) revela que a cobertura mamográfica pelo SUS atinge apenas 33% da população-alvo no País. Aumento dos casos da doença e potencial diminuição das chances de cura preocupa especialistas

O Dia Nacional da Mamografia, instituído por lei em 2008, chama a atenção para uma situação preocupante. Com base em informações disponibilizadas pelo Painel Oncologia do DATASUS, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) revela que a cobertura mamográfica pelo SUS (Sistema Único de Saúde) atinge atualmente apenas 33% da população-alvo no País. Esta constatação vem acompanhada de um dado ainda mais alarmante: 70% das mulheres atendidas pelo serviço público de saúde descobrem sozinhas o próprio tumor. “Ou seja, pela palpação das mamas as pacientes detectam por si mesmas o câncer em estágio avançado, sem mesmo terem passado pelo exame de mamografia”, explica o mastologista Ruffo Freitas-Junior, assessor especial da SBM. Nesta etapa, ressalta o especialista, as dificuldades para o enfrentamento da doença são ampliadas, assim como os custos para o tratamento, e há uma drástica redução das chances de cura.

“Este é um ano especialmente desafiador para o rastreamento e o enfrentamento do câncer de mama no Brasil”, afirma Tufi Hassan, presidente da SBM. Hoje, destaca o mastologista, para ter uma cobertura mamográfica ideal, o SUS deveria realizar o exame em mais de 70% da população-alvo.

O Brasil dispõe de 6.550 mamógrafos em uso em 2025. “Este é um número considerado suficiente para atender a população-alvo”, afirma o assessor especial da SBM, Ruffo Freitas-Junior. No entanto, o especialista observa que além dos desafios associados ao rastreamento nacional de câncer de mama e à melhoria da infraestrutura de saúde, há a necessidade de ampliar o acesso, a conscientização e a educação da população. “Estas iniciativas devem ser integradas a políticas de saúde pública para que o Brasil alcance resultados mais eficazes e equitativos”, destaca.

Pelas dificuldades de acesso à mamografia, a Sociedade Brasileira de Mastologia constata o maior aumento do câncer de mama em mulheres abaixo dos 50 anos no País. Atualmente, pacientes com idades entre 40 e 50 anos respondem por 23% dos casos da doença no Brasil. Diante desta realidade, a SBM recomenda a realização do exame a partir de 40, e não aos 50 anos, como preconiza o SUS por meio do Ministério da Saúde.

No SUS, com rastreamento bienal entre 50 e 69 anos, apenas 5% dos diagnósticos são carcinoma in situ, ou em estágio inicial; 40% são estágios localmente avançado ou metastático, “o que comprova, na prática, a total ineficácia do modelo proposto”, ressalta Freitas-Junior.

De acordo com Tufi Hassan, os desafios em 2025 incluem um novo capítulo protagonizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação, normatização, controle e fiscalização de operadoras e planos privados de assistência à saúde. Por meio de Consulta Pública, o órgão pretende a realização do rastreamento organizado de câncer de mama por meio de mamografia em beneficiárias entre 50 e 69 anos a cada dois anos. “Estamos diante de um retrocesso que exige a participação de toda a sociedade, assim como a união das classes médicas para incentivar o diagnóstico precoce que, comprovadamente, salva vidas”, pontua o presidente da SBM. “É fundamental que as ações sejam respaldadas em estudos e pesquisas para proporcionar tratamentos adequados às mulheres”, completa.

Desde a biópsia até o primeiro tratamento, observam-se diferenças entre o SUS e a saúde suplementar. Em até 30 dias, os atendimentos representaram 21,1% no SUS e 45,4% no sistema privado. Entre 30 e 60 dias, o SUS registra 34%; a saúde suplementar, 40%. Acima de 60 dias, foram 44,9% no SUS e 14,6% no sistema privado. Neste sentido, a SBM também considera fundamental a aplicação da Lei nº 12.732 de 2012, que determina o início do tratamento no prazo máximo de dois meses.

Desde 1990, a mortalidade por câncer de mama no Brasil e na América Latina, de acordo com a SBM, aumenta continuamente. “Em uma data relevante, como o Dia Nacional da Mamografia, ressaltamos a importância de defendermos a qualidade assistencial para a maior efetividade no enfrentamento de uma doença com muitas opções de tratamento e excelente qualidade de vida para as pacientes, quando detectada precocemente”, conclui o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.


ANS quer aumentar a idade mínima para a realização de mamografia nos planos de saúde

ANS quer aumentar a idade mínima para a realização de mamografia nos planos de saúde

Por meio da Consulta Pública nº 144, autarquia que regula as operadoras privadas de saúde no Brasil pretende que exame seja feito a partir de 50 anos de forma bienal. Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) destaca que a proposta dificulta ainda mais o rastreamento do câncer de mama no País

Mulheres com idades entre 40 e 50 anos respondem por 40% dos casos de câncer de mama no Brasil. A esta estatística preocupante acrescentem-se a incidência e mortalidade em decorrência da doença, que vêm aumentando progressivamente nos últimos anos. Diante deste panorama, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) vê com preocupação um indicador proposto na Consulta Pública nº 144 pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação, normatização, controle e fiscalização de operadoras e planos privados de assistência à saúde. Aberta à votação até a próxima quinta-feira (23/01), a consulta pretende a realização do rastreamento organizado de câncer de mama por meio de mamografia em beneficiárias entre 50 e 69 anos a cada dois anos. “Discordamos frontalmente deste indicador, que pode se igualar à idade mínima e à periodicidade do exame que o Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza”, afirma Henrique Lima Couto, coordenador do Departamento de Imagem Mamária da SBM e vice-presidente da SBM-MG. “Em três décadas, esta forma de rastreamento não diminuiu os casos avançados de câncer de mama, tampouco reduziu a mortalidade.”

A Consulta Pública nº 144 propõe alterações na Resolução Normativa (RN) nº 506, de 30 de março de 2022, que institui o Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde de Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde. “De forma geral, o programa vai melhorar a assistência de saúde das mulheres com câncer de mama”, observa Henrique Lima Couto. No entanto, o mastologista traz à discussão a possibilidade da mudança da idade mínima do rastreamento mamográfico para 50 anos.

Conforme a DUT 52 do Rol de Procedimentos da ANS, hoje a cobertura de mamografia digital é obrigatória para mulheres na faixa etária entre 40 e 69 anos. “Da forma como a agência propõe, as brasileiras que têm plano de saúde vão perder o direito de mamografia digital em qualquer idade. Também não poderão fazer o exame anualmente. E ainda não terão o direito de realizá-lo a partir dos 40 anos”, ressalta o especialista.

A SBM, que em conjunto com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) recomenda a idade mínima de 40 até 74 anos para rastreamento de câncer de mama no País, tanto na rede pública quanto no sistema suplementar, justifica sua preocupação a partir da votação da Consulta Pública nº 144. No SUS, com rastreamento bienal entre 50 e 69 anos, apenas 5% dos diagnósticos são carcinoma in situ, ou em estágio inicial; 40% são estágios localmente avançado ou metastático, o que comprova, na prática, a total ineficácia do modelo proposto.

A mortalidade do câncer de mama no Brasil e na América Latina, de acordo com a SBM, sobe continuamente desde 1990, diferentemente dos países desenvolvidos. No ano passado, nos Estados Unidos, o US Preventive Services Taks Force, painel voluntário independente de especialistas que ajudam a orientar as decisões dos médicos e influenciam os planos de saúde, passou a recomendar o rastreamento mamográfico a partir dos 40 anos de idade de forma bienal.

Para votar

De acordo com o mastologista Henrique Lima Couto, da SBM, é fundamental que a população participe votando na Consulta Pública nº 144. O especialista destaca, ainda, a importância do compartilhamento com o maior número possível de pessoas.

O link para a votação é https://componentes-portal.ans.gov.br/link/ConsultaPublica/144

No final da página, ao clicar em “Consulta Pública nº 144 – Contribua agora”, o cidadão pode enviar sua contribuição, preenchendo dados como nome, CPF/CNPJ, e-mail e tipo de contribuinte.

Mais abaixo, em Explique a situação, o Item de contribuição deve constar “Anexo III capítulo II”, que se refere à fundamentação teórica do tema.

Em Opinião, o próximo item, escreva “Discordo parcialmente”.

Finalmente, em Justificativa, o contribuinte pode escrever: “Cientificamente comprovado que mamografia a partir dos 40 anos reduz mortalidade.”

“O cenário ideal neste momento, por parte da Sociedade Brasileira de Mastologia e de outras entidades igualmente comprometidas com o enfrentamento do câncer de mama no Brasil, seria continuar as discussões que visam à redução da idade limite para a realização da mamografia no SUS, e não o aumento da faixa etária para o exame, como propõe a ANS”, afirma. “As mulheres beneficiadas pelos planos de saúde não podem perder um direito tão fundamental para as suas vidas”, conclui Henrique Lima Couto, da SBM.


Navegação do paciente para detecção precoce, diagnóstico e tratamento do câncer de mama

Navegação do paciente para detecção precoce, diagnóstico e tratamento do câncer de mama

A Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC) foi instituída pela Lei nº 14.758, de dezembro de 2023. Ela criada com o objetivo de garantir o acesso ao cuidado integral, diminuir a incidência de câncer, melhorar a qualidade de vida dos diagnosticados e reduzir a mortalidade e incapacidade causadas pelo câncer. Entre seus princípios e diretrizes estão ações intersetoriais com a identificação e a intervenção nos determinantes do câncer, promovendo saúde e qualidade de vida através de ações conjuntas entre o governo e a sociedade civil.

Dentre as inovações da PNPCC, destacamos o Programa Nacional de Navegação da Pessoa com Diagnóstico de Câncer. A navegação do usuário consiste na busca ativa e no acompanhamento individual dos processos envolvidos no diagnóstico e no tratamento do câncer.

Acesse o documento completo: Clique aqui para acessar

Autoria:
Departamento de Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Mastologia
Sandra Gioia, Daniel Buttros, Paula Saab, Cleber Sérgio e Victor Rocha


outubro rosa

Nota de Agradecimento - Outubro Rosa 2024

Em nome da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), gostaria de expressar nosso mais profundo agradecimento a todos que, em cada região do Brasil, se dedicaram com tanto empenho à campanha Outubro Rosa 2024. Nosso reconhecimento especial vai para as regionais da SBM, que, nos estados, organizaram ações essenciais de conscientização, ampliando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.

Agradecemos também às sete sociedades médicas parceiras: Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), Sociedade Brasileira de Genética Médica (SBGM), Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia Obstetrícia (Febrasgo). Pela primeira vez, reunimos forças em uma aliança histórica, que deu ainda mais visibilidade e peso à nossa causa, permitindo que informações confiáveis e ações de prevenção chegassem a um público ainda maior.

Um agradecimento especial também vai para a comissão de comunicação da SBM, que conduziu de forma exemplar a campanha Outubro Rosa 2024, garantindo que a mensagem de prevenção ao câncer de mama fosse levada com clareza e impacto a todas as regiões do país.

É com esse espírito de colaboração e compromisso que seguimos na missão de lutar contra o câncer de mama, certos de que “juntos somos mais fortes”. Continuaremos trabalhando para que cada vez mais mulheres tenham acesso a informações, exames e tratamentos adequados, pois #cancerdemamatemcura.

Atenciosamente,

Dr. Tufi Hassan
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia


fake news mastologia

Comunicado à sociedade - notícias falsas a respeito do tratamento e da prevenção do câncer de mama

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) observa com grande preocupação o crescente número de notícias falsas a respeito do tratamento e da prevenção do câncer de mama.

As redes sociais possuem inúmeros perfis de pessoas que se dizem médicas ou profissionais de saúde que fazem afirmações sensacionalistas e mentirosas sobre o assunto. Aparentemente, o modus operandi é sempre o mesmo:
1. divulga-se algo absurdo e sem nenhuma comprovação científica (ou já provado o contrário), sempre baseado na opinião da pessoa ou de algum outro dito influenciador.
2. venda de algum tratamento ou terapia milagrosa que vai curar ou evitar a doença, geralmente através de infusões sem registro na ANVISA e vendidas na própria clínica ou consultório.
3. outra forma de lucro é através de cursos voltados para médicos, profissionais de saúde ou até pessoas sem nenhuma formação, para ensinar as tais terapias.

Em pleno OUTUBRO ROSA, quando o tratamento e a prevenção do câncer de mama deveriam ser o foco principal de atenção, temos visto com tristeza o surgimento de postagens que afirmam absurdos. Dentre as maiores nulidades observadas, estão as teorias que a mamografia causa câncer de mama, que o câncer de mama não existe e que é possível prevenir ou tratar o câncer de mama através do uso de hormônios.

Infelizmente, somos obrigados a perder tempo e energia para desmentir tais absurdos. Seguem abaixo nossas principais considerações de forma resumida:

i. Câncer de mama não existe: o câncer de mama é a principal neoplasia maligna entre as mulheres brasileiras, sendo responsável por mais de 70.000 novos casos ao ano em nosso país. Menosprezar esta doença é um desrespeito às milhares de vítimas e suas famílias, além de poder causar tratamentos inadequados em mulheres que acabaram de descobrir a doença.

ii. A mamografia causa câncer de mama: a mamografia é a principal forma de prevenção de mortes pela doença. O diagnóstico precoce, obtido pela mamografia, permite a descoberta do câncer em estágios menores, onde as chances de cura são maiores e os tratamentos menos agressivos. Estudos comparativos realizados em países europeus e norte-americanos demonstraram que a realização de mamografia anual em mulheres entre os 40 e 75 anos reduz em 20% a 30% a mortalidade do câncer de mama em comparação com mulheres que não realizaram o exame.

iii. Câncer de mama pode ser tratado com o uso de hormônios: o uso de hormônios sexuais (estrógeno, progesterona e testosterona) é contraindicado em casos de câncer de mama, pois estimula o crescimento de células tumorais. Inúmeras publicações científicas mostram este efeito e a piora na evolução da doença. Inclusive, a terapia de alguns casos de câncer de mama é feita através de bloqueio destes hormônios, com resultados comprovados na diminuição da mortalidade.

Vale ressaltar que o tratamento do câncer de mama teve inúmeros avanços nos últimos anos e que os casos iniciais da doença têm taxas de cura superiores a 95%, utilizando cirurgias que preservam a mama e muitas vezes sem necessidade de quimioterapia.

Apesar de todos estes enormes avanços, muitas pessoas ainda têm a visão antiga da doença, que era geralmente mortal e necessitava de tratamentos agressivos como mastectomia e quimioterapia. O desconhecimento dos avanços da medicina cria campo fértil para a atuação destas pessoas mal-intencionadas, que visam desinformar para obter lucros pessoais.

Recentemente, Andrew Elder publicou um artigo de opinião na importante revista britânica, British Medical Journal, em que fala sobre as exigências atuais para a formação de médicos. O texto ressalta a importância de tratar a doença e o doente de forma correta e que não há atalhos fáceis para isso. Infelizmente, a educação médica é algo que requer muito tempo de dedicação e nem sempre é remunerado à altura. Todavia, isso não pode ser usado como desculpa para o surgimento deste tipo de “profissional”, que usa a desonestidade para obter maior remuneração.

A Sociedade Brasileira de Mastologia tem orgulho de possuir cerca de 2.000 especialistas em mastologia dentre seu quadro associativo, presentes em todos os estados brasileiros. Estas pessoas possuem formação dedicada para a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças mamárias, obtida através de anos de estudo e constante atualização em congressos e simpósios. A relação destes(as) profissionais está disponível em nosso endereço na rede mundial de computadores (www.sbmastologia.com.br) e deve servir de orientação para pessoas que tenham dúvidas sobre a saúde mamária.

Finalmente, conclamamos aos órgãos responsáveis que tomem atitudes contra estas pessoas desonestas que repassam informações mentirosas sobre este problema tão importante na saúde brasileira que é o câncer de mama.
Sem mais,

Augusto Tufi Hassan
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (Gestão 2023-25).

Guilherme Novita
Diretor-geral da Escola Brasileira de Mastologia (Gestão 2023-25).


diu

Posicionamento oficial sobre publicações jornalísticas que abordam o aumento do risco de câncer de mama em mulheres usuárias de dispositivo intrauterino (DIU) com levonorgestrel (DIU hormonal)

A Sociedade Brasileira de Mastologia vem se posicionar a respeito das recentes publicações jornalísticas sobre o aumento do risco de câncer de mama em mulheres usuárias de dispositivo intrauterino (DIU) com levonorgestrel (DIU hormonal).

Estas matérias foram baseadas numa publicação científica no Jornal da Associação Norte-Americana de Medicina (JAMA), do mês de agosto/2024. A pesquisa, de autoria de Lina Steinrud Mørch, analisou dados retrospectivos de um grupo de mulheres dinamarquesas que usava este dispositivo e foram comparados com outro grupo que não usou.

Este estudo mostrou aumento do risco relativo de 80% em mulheres que usaram o DIU hormonal por 10 anos ou mais.

Importante ressaltar que a publicação foi uma carta ao editor, tipo de publicação mais simples. Além disso, trata-se de um estudo retrospectivo com nível de qualidade moderada, logo, podem existir variáveis de confusão que possam causar interpretações erradas nos números.

O estudo não traz dados novos, corroborando outra publicação da mesma autora que mostrou discreto aumento do câncer de mama em mulheres que usavam qualquer tipo de anticoncepcionais hormonais.

Todavia, existem dois pontos que são muito importantes de serem ressaltados:

1– As publicações jornalísticas informam sobre o aumento de 80% no risco, de maneira que podem gerar confusões. Este aumento é no risco relativo e não no risco absoluto do câncer de mama. Isso pode passar a falsa impressão que a pessoa tem 80% de chances de desenvolver a doença naquele período, quando na verdade, o que acontece é um aumento de 80% SOBRE o risco que a mulher já tinha de desenvolver a doença. As usuárias de DIUs hormonais geralmente são mulheres jovens, com menos de 40-45 anos de idade, cujo risco absoluto anual de desenvolver o câncer de mama é menor que 1%. Sendo assim, o aumento relativo de 80% costuma causar uma elevação no risco absoluto menor que 1%.

2 - Os anticoncepcionais hormonais possuem amplos benefícios e podem ser utilizados na população em geral, sob supervisão médica. Os benefícios dessas medicações são amplamente superiores ao discreto aumento do risco transitório de câncer de mama, que volta ao normal cerca de 10 anos após a interrupção do tratamento, ou seja, após esse tempo o risco é similar à paciente que nunca usou o método hormonal. Obviamente mulheres com câncer de mama pregresso ou risco elevado para a doença devem evitar o uso de medicações hormonais e ter acompanhamento médico personalizado.

Sendo assim a Sociedade Brasileira de Mastologia gostaria de reafirmar o apreço às pesquisas sobre risco de câncer de mama e ressaltar a importância da transmissão correta e transparente dos dados científicos.


mamógrafo

Nota de Esclarecimento - Recomendações da Mamografia

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologistas e Obstetras (FEBRASGO) vêm a público esclarecer que, em razão de fake news que vem circulando em quase todo o Brasil, a recomendação das três entidades para a realização da mamografia é:

  • Mulheres com casos de câncer de mama e/ou ovário na família - pai, mãe, irmã, irmão, filha ou filho - poderão realizar a mamografia antes dos 40 anos, conforme a orientação de seu mastologista, radiologista e ou ginecologista.
  • A partir dos 40 anos, toda mulher deve realizar mamografia anualmente;
  • A recomendação é realizar a mamografia anualmente até os 75 anos. Em caso de alterações clínicas, em qualquer idade, a mulher deverá procurar o médico e fazer os exames solicitados;
  • Após os 75 anos, se bem de saúde e com boa expectativa de vida a mulher pode continuar a realizar a mamografia anualmente a partir de decisão conjunta com seu médico assistente;

Converse com o seu mastologista, ginecologista e ou radiologista de sua confiança, somente ele está apto a passar as devidas orientações quanto aos cuidados com a saúde das mamas e de acordo com o seu caso.

Oportunamente, reiteramos que estamos ao lado das brasileiras para que todas tenham acesso à prevenção e tratamento de qualidade. Seguimos firmes na nossa missão de buscar, sempre, uma vida longeva com mais saúde e qualidade para todas as mulheres.


cerimônia de posse

Participação da Dra. Pollyanna Dornelas Pereira na Posse dos Conselheiros Federais (2024-2029)

No dia 1º de outubro de 2024, a Dra. Pollyanna Dornelas Pereira, representando a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), esteve presente na cerimônia de posse dos Conselheiros Federais para o quinquênio 2024-2029. A solenidade ocorreu às 19h na sede do Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília.

Este momento marca a renovação do compromisso com a ética e a qualidade na prática médica no Brasil, e a SBM reforça seu apoio ao trabalho dos Conselheiros Federais em prol da valorização da medicina e do cuidado à saúde da população.


tjcc

Sociedade Brasileira de Mastologia participa de um dos maiores eventos de oncologia e saúde do país

Prevenção, detecção precoce e qualidade de vida compõem o painel multitemático da SBM no 11º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) participa do Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) com um painel multitemático que destaca os avanços no controle e tratamento do câncer de mama, o mais incidente entre as mulheres brasileiras, sob a perspectiva de prevenção, detecção precoce e qualidade de vida. Em 11ª edição, o TJCC, um dos maiores eventos sobre oncologia e saúde do País, conduz os debates a partir da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, instituída pela Lei nº 14.758/2023, que entrou em vigor em junho deste ano, e depende de regulamentações específicas para sua efetiva implementação.

No 11º Congresso TJCC, realizado no WTC Events Center, em São Paulo (SP), a participação da SBM está marcada para a próxima quinta-feira (19/09) e vai reunir especialistas no painel “Transformando a jornada da paciente com câncer de mama – Somos todos responsáveis”. O evento tem transmissão on-line e ao vivo para todo o Brasil.

“O câncer de mama é uma doença controlável e curável diante dos avanços da medicina. A Sociedade Brasileira de Mastologia vem mostrar neste painel como estamos melhorando e como podemos avançar nos resultados de câncer de mama no Brasil com ações voltadas para prevenção, detecção precoce, tratamento em tempo hábil e sobrevida de qualidade. Estas ações envolvem múltiplos atores e comprovam que juntos somos mais fortes”, afirma a mastologista Sandra Gioia, presidente do Departamento de Políticas Públicas da SBM e movimentadora do congresso TJCC.

Como membro da diretoria da SBM, a mastologista Rosemar Rahal destaca a relevância multitemática do painel. “Muitas discussões que envolveram SBM, universidades e outras entidades com atuações importantes estão neste painel e resultaram em documentos encaminhados ao Ministério da Saúde para implementação de procedimentos e serviços em todo o Brasil”, afirma a especialista.

Um desses encaminhamentos sugere a estruturação de testagem genética para detecção de mutações patogênicas e provavelmente patogênicas para pacientes com câncer de mama e ovário e seus familiares no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde). Entre os fatores aumentados de risco, especialistas destacam a mutação do gene BRCA. De acordo com a SMB, esta alteração genética representa até 80% de possibilidade de desenvolvimento de câncer de mama e de 40% para o de ovário.

O exame para Detecção de Mutação Genética dos Genes BRCA1 e BRCA2, custeado pelo SUS, afirma Rosemar Rahal, é um meio eficiente para identificar a mutação e realizar medidas profiláticas que podem salvar milhares de mulheres. Embora exista legislação que permite a realização do teste em cinco Estados brasileiros, somente Goiás, de fato, implementou o exame. A mastologista da SBM participou ativamente para que a partir da assinatura de um convênio do governo estadual, em outubro de 2023, com a Universidade Federal de Goiás (UFG), o painel genético para câncer de mama herdado fosse realizado pelo Centro de Genética Humana do Instituto de Ciências Biológicas da mesma universidade.

Em audiência pública na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), a SBM também defendeu a ampliação do acesso a diagnósticos e aprimoramento nos tratamentos no alcance do SUS. No período de 2015 a 2022, avaliado pelo Panorama do Câncer de Mama, na faixa etária de 30 a 49 anos somaram-se 117.984 novos casos da doença, ou 30,5% do total apurado, que inclui também mulheres de 50 a 59 anos e de 60 a 69 anos. “Quando olhamos para esta estatística, constatamos que o ‘rejuvenescimento’ do câncer de mama já é uma realidade no Brasil”, afirma Rosemar. Segundo ela, é imperativo que o Ministério da Saúde reveja o início do rastreamento da doença e considere a idade mínima a partir de 40, e não aos 50 anos.

O painel da SBM no 11º TJCC apresenta ainda contribuições sobre o impacto da nutrição e da atividade física em mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Estudos recentes indicam que a prática regular de exercícios moderados pode ter um efeito antitumoral significativo, especialmente em determinados subtipos da doença.

Sobre a adesão das pacientes com câncer de mama a recomendações de estilo de vida saudável, associando atividade física à alimentação balanceada, pesquisas revelam redução expressiva de mortalidade e de recorrência da doença.

As barreiras enfrentadas pelas pacientes para acesso a diagnóstico e tratamento também merecem o debate no painel da SBM. Um dos aspectos destacados por Rosemar Rahal faz referência à cobertura mamográfica inadequada. “No SUS, temos número suficiente de aparelhos de mamografia para atender a população-alvo. No entanto, nunca passamos de 30% do rastreamento”, afirma Rosemar. Como efeito, a especialista observa que os casos de câncer de mama em estágio avançado são maiores na rede pública em comparação com a saúde suplementar, que inclui os planos de saúde.

Desde a biópsia até o primeiro tratamento, observam-se diferenças entre o SUS e a saúde suplementar. Em até 30 dias, os atendimentos representaram, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, 21,1% no SUS e 45,4% no sistema privado. Entre 30 e 60 dias, o SUS registra 34%; a saúde suplementar, 40%. Acima de 60 dias, foram 44,9% no SUS e 14,6% no sistema privado. Neste sentido, a SBM considera fundamental a aplicação da Lei nº 12.732 de 2012, que determina o início do tratamento no prazo máximo de dois meses.

Painel SBM

Acompanhe os temas do painel, “Transformando a jornada da paciente com câncer de mama – Somos todos responsáveis”, da SBM, que será apresentado pela jornalista Lilian Ribeiro e terá como convidadas as mastologistas Annamaria Massahud Rodrigues dos Santos e Paula Cristina Saab.

- “Nutrição e atividade física estão revolucionando os cuidados médicos”, com Daniel Cady, nutricionista, empresário e TEDx speaker.
- “Impacto da mudança de estilo de vida nas sobreviventes do câncer”, com Daniel Buttros, professor do programa de pós-graduação em Tocoginecologia da Unesp e membro da SBM.
- “Medicina de precisão para todos: é possível?”, com Rosemar Rahal, professora do Programa de Mastologia UFG (Universidade Federal de Goiás) e membro da diretoria da SBM.
- “Barreiras e oportunidades na jornada da paciente: quais as necessidades a serem atendidas?”, com Carlos Ruiz, mastologista no HC FMUSP/ICESP e do Centro de Oncologia Hospital Alemão.

Mais informações sobre o 11º TJCC: www.congresso.tjcc.com.br


Manifesto é criado para federalização da testagem genética para câncer de mama e ovário no Brasil

Manifesto é criado para federalização da testagem genética para câncer de mama e ovário no Brasil

No Fórum de Acesso ao Painel Genético em Câncer de Mama, realizado no Brazilian Breast Cancer Symposium (BBCS), em Brasília, Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e Femama apresentam documento a ser enviado ao Ministério da Saúde com viabilidade da testagem em todo o País

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 73.610 novos casos de câncer de mama para cada ano do triênio 2023-2025. No Brasil, a doença tem sido diagnosticada em 42% das pacientes, com aproximadamente 16% de óbitos. Este tipo de neoplasma maligno é a primeira causa de mortalidade entre as mulheres brasileiras. Para o câncer de ovário, segunda neoplasia ginecológica mais comum, a estimativa é de 7.310 novos casos para cada ano do mesmo triênio. Em 2020, o câncer ovariano totalizou 3.920 óbitos, o que representa 3,62 mortes em cada 100 mil pacientes. Entre os fatores aumentados de risco, especialistas destacam a mutação do gene BRCA. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SMB), esta alteração genética representa até 80% de possibilidade de desenvolvimento de câncer de mama e de 40% para o de ovário. Diante desta realidade, SBM e Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) apresentaram no Fórum de Acesso ao Painel Genético em Câncer de Mama do Brazilian Breast Cancer Symposium (BBCS), em Brasília (DF), um manifesto a ser encaminhado ao Ministério da Saúde, acompanhado de um documento (policy paper) com todo o processo de estruturação de testagem genética para detecção de mutações patogênicas e provavelmente patogênicas para pacientes com câncer de mama e ovário e seus familiares no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde).

A testagem genética é recomendada por protocolos internacionais. No sistema suplementar brasileiro, operado pelos planos de saúde, está disponível desde 2014. “Sabemos que em boa parte das pacientes diagnosticadas com câncer de mama e ovário a origem pode ser genética”, afirma o presidente da SBM, Tufi Hassan, no Fórum de Acesso ao Painel Genético em Câncer de Mama do BBCS.

De acordo com Hassan, a testagem nestas mulheres pode beneficiá-las com exames mais precoces, quimioprevenção e cirurgias profiláticas. “É muitíssimo importante que esta testagem seja realidade em todo o País, pois diminuiria custos de tratamento adiante e daria sobrevida a essas pacientes”, diz.

O benefício de prevenção do câncer de mama e ovário hereditários pode impactar significativamente as famílias e a sociedade como um todo, evitando todo o sofrimento advindo do diagnóstico e do tratamento de um câncer.

Embora se destaque a robustez dos benefícios do acesso ao painel genético de BRCA1 e BRCA2 e esteja comprovada a efetividade da detecção de mutações patogênicas nestes genes, a testagem não está disponível no SUS em todo território nacional. Apenas Amazonas (Lei nº 5.404/2021), Goiás (Lei nº 20.707/2020), Minas Gerais (Lei nº 23.449/2019), Rio de Janeiro (Lei nº 7049/2015) e o Distrito Federal (Lei nº 6.733/2020) aprovaram leis que garantem o acesso à testagem genética por meio de seus serviços locais. Somente em Goiás o teste está disponível para toda a população desde fevereiro de 2023, por meio do programa Goiás Todo Rosa.

De acordo com a médica mastologista Rosemar Rahal, membro da diretoria da SBM, o documento (policy paper) apresentado no Fórum de Acesso ao Painel Genético em Câncer de Mama do BBCS norteia todo o processo de estruturação da testagem no Brasil. “Neste documento, que deve ser levado ao Ministério da Saúde, apresentamos números robustos sobre a importância da testagem e consideramos que já temos uma estrutura e maquinário para a realização deste procedimento”, afirma.

Há quatro anos, a Femama trabalha com o Congresso Nacional na concretização do Projeto de Lei nº 265/2020 para incluir a testagem genética no SUS, visando o controle dos cânceres de mama e ovário. Desde o ano passado, em conjunto com a SBM, a entidade desenvolveu o documento técnico que estabelecesse diretrizes clínicas, parâmetros para a estrutura assistencial, orientações para o planejamento do processo terapêutico, entre outros itens indispensáveis.

Sobre a estruturação de centros de testagem no País, o manifesto assinado por SBM e Femama ressalta que o Ministério da Saúde adquiriu equipamentos de última geração para sequenciamento genético. Este maquinário está disponível em laboratórios centrais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) também conta com duas unidades altamente especializadas de diagnóstico. O Unadig (Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19) do Rio de Janeiro e do Ceará dispõem de equipamentos de Biologia Molecular, incluindo os sequenciadores NGS necessários à execução dos testes de BRCA. Além disso, a fundação ainda conta com uma Rede de Plataformas Tecnológicas composta por equipamentos de alta complexidade, com sistemas de genômica e bioinformática capazes de atender instituições públicas e privadas, “demonstrando que o Ministério da Saúde já dispõe de recursos físicos para organizar uma rede de testagem genética em oncologia capaz de atender a demanda nacional”, destaca o manifesto.

“Nossa proposta agora é que exista a federalização da lei que já é realidade em Estados brasileiros”, diz Rosemar Rahal. “Muitas vidas podem ser salvas se a população brasileira tiver acesso ao painel genético de BRCA1 e BRCA2”, completa a mastologista da SBM.

No manifesto, SBM e Femama ressaltam o compromisso e a parceria em colaborar tecnicamente para orientar serviços de saúde em cuidados centrados nos pacientes, “de modo a garantir, efetivamente, a equidade prevista no SUS, a qualidade do percurso assistencial, de forma sustentável, para usuários do sistema público com alto risco de câncer de mama e ovário”.