Mamografia & Cuidado - Cartilhas da Oncoclínicas sobre o Câncer de Mama
A vida continua acontecendo em todas as fases. E cada uma delas merece atenção e cuidado. 💗
Com o apoio institucional da Sociedade Brasileira de Mastologia, a Oncoclínicas reforça a importância dos cuidados com a saúde e do diagnóstico precoce do câncer de mama, para que mais mulheres tenham bem-estar e qualidade de vida desde o diagnóstico até a reabilitação.
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Outubro Rosa tem semana dedicada a combater a desinformação
Ação coordenada pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) visa alertar a população sobre a propagação de informações falsas (fake news), com prejuízos no enfrentamento do câncer de mama
As ações do Outubro Rosa, voltadas à conscientização e prevenção do câncer de mama, aumentam em cerca de 20% a realização da mamografia, principal exame para detecção precoce da doença. Este ano, com a recomendação do Ministério da Saúde para o início do rastreamento mamográfico a partir dos 40 anos de idade no Sistema Único de Saúde (SUS), a tendência é de que as estatísticas da campanha sejam ainda mais promissoras. Mas nem tudo são boas notícias. Informações falsas, compartilhadas principalmente em redes sociais, têm afastado as mulheres do diagnóstico em fase inicial que confere mais de 90% as chances de cura da doença. Com o propósito de combater a desinformação, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) coordena a partir desta semana uma ação nacional para que a população tenha a oportunidade de se beneficiar com orientações corretas que podem salvar vidas.
Se por um lado a SBM vê contemplados seus esforços junto ao Ministério da Saúde para o início do rastreamento mamográfico no SUS aos 40 anos de idade, e não mais a partir dos 50, como recomendado anteriormente pelas diretrizes públicas, por outro, a entidade expressa uma grande preocupação com a desinformação que interfere no diagnóstico precoce e, consequentemente, no enfrentamento da doença no Brasil.
“A desinformação, propagada principalmente em redes sociais, tem sido um grande entrave para que a conscientização e a prevenção do câncer de mama propostas pelo Outubro Rosa faça total sentido na vida das pessoas”, afirma Tufi Hassan, presidente da SBM.
Com o objetivo de combater informações equivocadas, a SBM dedica uma semana especial no Outubro Rosa para orientar a população. “A campanha vai ressoar em todo o Brasil, com mastologistas compartilhando vídeos e replicando, sistematicamente, informações corretas e baseadas em evidências”, ressalta Tufi Hassan. “É fundamental mostrar à população que a ciência salva vidas.”
Em seus canais oficiais, a SBM divulga esta semana um vídeo informativo sobre os prejuízos causados pelas fake news, ao mesmo tempo que reforça a importância do conhecimento verdadeiro como aliado da saúde das mulheres.
No vídeo, o mastologista Daniel Buttros, do Departamento de Políticas Públicas da SBM, aborda de maneira didática e objetiva a gravidade da propagação informações falsas no contexto do diagnóstico e tratamento do câncer de mama.
“No que se refere ao câncer de mama, tenho certeza absoluta que o movimento nas redes sociais está na contramão da ciência e a favor de prejuízos”, afirma Buttros. Os “prejuízos” podem ser mensurados pelo aumento do número de casos da doença. Estudo recente apresentado pela SBM, com base no banco de dados do SUS (DataSUS), destaca que no grupo de mulheres com 40 a 49 anos, a média de exames realizados chegou a 22% entre 2013 a 2022. No mesmo período, 54% dos casos diagnosticados são dos estadios III e IV, os mais avançados da doença. De acordo com projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o País deve registrar 74 mil novos casos no encerramento do triênio 2023-2025.
No ambiente das redes sociais, a desinformação ganha visibilidade a partir de leigos e também de profissionais da área da saúde. “Em busca de engajamento ou fama, essas pessoas utilizam a comunicação para trazer discussões polêmicas que vão confundir a população e viralizar”, observa Buttros.
Os efeitos da viralização de informações incorretas são preocupantes, na visão do mastologista. “Uma mulher que tem medo de fazer mamografia, e isso é muito comum, vai se valer dessa informação como verdade porque, para ela, isso se torna conveniente. Ela não vai fazer o exame e talvez um dia descubra ter perdido a oportunidade de receber o diagnóstico de um câncer de mama pequeno e mais fácil de tratar.”
Entre as fake news mais comumente propagadas em redes sociais, o mastologista da SBM elenca a falsa informação de que “a mamografia causa câncer de mama por conta da radiação”. Há também a crença de que “a biópsia de mama alastra a doença”. Para o especialista, quem propaga este tipo de desinformação, assim como convicções equivocadas de que a doença pode ser tratada com “soroterapia ou chás” está tirando a oportunidade de uma mulher de se tratar de maneira digna, amparada pela ciência.
No vídeo da SBM, ainda há orientações de como se precaver contra as fake news. Uma das sugestões é para que em caso de dúvida se busquem informações idôneas. Saber quem está falando, se tem formação específica na área, é outra forma de checar a veracidade do que está sendo propagado.
“As fake news prejudicam a vida de muita gente. É muito importante não fazer parte do compartilhamento, não comentar e não dar ibope, porque é isso que essas pessoas querem”, finaliza Daniel Buttros.
Ministério da Saúde amplia acesso à mamografia a partir dos 40 anos
Sociedade Brasileira de Mastologia comemora decisão histórica, reforça importância do diagnóstico precoce e explica o que muda para as mulheres brasileiras
O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (23) uma mudança histórica na política nacional de rastreamento do câncer de mama: a partir de agora, mulheres de 40 a 49 anos poderão realizar mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS) mesmo sem sinais ou sintomas da doença, mediante decisão conjunta com o profissional de saúde. A medida revoga as barreiras que dificultavam o acesso desse grupo etário ao exame e aproxima o Brasil das recomendações das principais sociedades médicas do mundo.
SBM defende rastreamento desde 2008
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) considera esta medida uma vitória para a saúde da mulher brasileira. Desde 2008, a entidade recomenda que o rastreamento mamográfico seja iniciado aos 40 anos, em frequência anual, posição defendida com base em evidências científicas e na realidade epidemiológica do país.
“Há muitos anos a SBM luta para que as brasileiras tenham acesso ao rastreamento precoce a partir dos 40 anos. Cerca de 40% dos casos de câncer de mama são diagnosticados entre os 40 e 50 anos, o que mostra o quanto essa decisão pode salvar vidas. Esta é uma conquista de toda a sociedade e resultado de um trabalho persistente de sensibilização junto ao poder público”, afirma Tufi Hassan, presidente da SBM.
Entenda o que mudou
Até então, o protocolo nacional de rastreamento recomendava a mamografia apenas para mulheres de 50 a 69 anos, com repetição a cada dois anos, independentemente de histórico familiar ou sintomas. Com o novo direcionamento do Ministério da Saúde, passam a valer as seguintes diretrizes:
• Mulheres de 40 a 49 anos: passam a ter direito ao exame, a partir de decisão conjunta com profissional de saúde, mesmo sem sinais ou sintomas.
• Faixa de 50 a 74 anos: segue com rastreamento regular a cada dois anos, mas agora com a faixa etária estendida até os 74 anos.
• Acima de 74 anos: a indicação será personalizada, considerando histórico clínico e expectativa de vida.
Segundo o Ministério, a ampliação de acesso para a faixa de 40 a 49 anos e a extensão até os 74 representam um convite para que mais mulheres realizem o exame regularmente, fortalecendo o diagnóstico precoce.
Ministério da Saúde destaca impacto
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou que a medida é uma prioridade para reduzir o número de diagnósticos tardios.
“Garantir a mamografia a partir dos 40 anos no SUS é uma decisão histórica. Estamos ampliando o acesso ao diagnóstico precoce em uma faixa etária que concentra quase um quarto dos casos de câncer de mama. Enquanto alguns países erguem barreiras e restringem direitos, o Brasil dá o exemplo ao priorizar a saúde das mulheres e fortalecer o sistema público”, destacou.
Compromisso contínuo da SBM
A SBM celebra o avanço, mas lembra que ainda existem desafios importantes, como ampliação do alcance, garantia de tecnologia de ponta e acesso universal aos medicamentos estratégicos.
“Comemoramos esta conquista, mas nosso compromisso é permanente. Seguiremos acompanhando de perto a implementação dessas políticas públicas, monitorando os indicadores de saúde mamária e cobrando sua efetiva regulamentação e inclusão no orçamento. Em saúde, não basta estar no papel, é preciso garantir que o acesso aconteça na prática, com qualidade e equidade para todas as mulheres brasileiras”, conclui Tufi Hassan.
Board discute cuidados para câncer e obesidade
Nesta semana, o Instituto Oncoguia realizou mais uma edição do Board de Câncer e Obesidade. A iniciativa, cuja primeira reunião ocorreu em 2024, tem como objetivo reunir especialistas de diversas áreas da saúde para aprofundar a discussão sobre a relação entre câncer e obesidade e desenvolver estratégias que aprimorem o cuidado aos pacientes.
O Board é atualmente composto por 13 entidades atuantes em diferentes áreas da saúde: Febrasgo, Grupo Eva, Obesidade Brasil, Painel Brasileiro de Obesidade (PBO), Oncoguia, Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Nutrição Oncológica (SBNO), Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia (SBPO) e Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Durante esta edição, os participantes destacaram a importância de ampliar o conhecimento sobre a relação entre as duas doenças, reforçando a necessidade de mais pesquisas e estudos, além da capacitação de profissionais de saúde para garantir um cuidado mais qualificado e humanizado.
O grupo avança agora na elaboração de iniciativas conjuntas para orientar profissionais de saúde em todo o país e fortalecer a qualidade e a integralidade do atendimento às pessoas que convivem com essas duas condições.
Conteúdo produzido pela equipe do Instituto Oncoguia - Acesse o site em www.oncoguia.org.br
Maioria das gestantes brasileiras recebe orientações superficiais sobre amamentação, aumentando riscos à saúde de mães e bebês
Alerta da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) aponta para a necessidade de incluir informações aprofundadas sobre lactação na rotina de pré-natal
Embora as estatísticas mostrem que entre 60% e 84% das gestantes brasileiras recebem informações sobre amamentação nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) alerta que estas orientações têm sido superficiais e insuficientes. De acordo com Mayka Volpato, responsável pelo Departamento de Aleitamento Materno da SBM, são muitas as mulheres que chegam ao consultório de mastologia com complicações mais graves relacionadas à amamentação, como mastite, formação de abscessos, fissuras que não cicatrizam e dor crônica, justamente pela falta de orientação adequada no pré-natal sobre as peculiaridades e implicações do aleitamento materno.
“Costumo dizer que toda paciente grávida precisa de um pré-natal de amamentação”, ressalta. A ponderação da mastologista da SBM tem uma razão: sem a preparação adequada, as mulheres acabam vivenciando experiências negativas durante a lactação, com grande prejuízo nutricional para o recém-nascido, com impacto direto em sua saúde, além de aumentar o impacto emocional do puerpério.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. O leite materno é rico em vitaminas e minerais, carboidratos, ferro, gorduras, hormônios, enzimas e anticorpos que atuam contra microorganismos e agentes infecciosos, garantindo proteção à criança. Entre os nutrientes também estão proteínas como a lactoalbumina.
Mesmo com um alto índice de mulheres informadas mulheres informadas sobre amamentação nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a representante da SBM pontua que esta orientação é realizada de forma superficial.
A gravidade da situação é exemplificada por um estudo realizado com mulheres com diabetes gestacional em que o acesso à informação foi reduzido. “Até 25% não recebe qualquer orientação”, enfatiza dra Maika. A médica destaca ainda as disparidades regionais. Em municípios menores, a situação é ainda mais grave, com levantamentos indicando que a falta de informações pode atingir até 22% das gestantes.
Todas as mulheres que passam pelo pré-natal, na visão de Mayka Volpato, deveriam questionar ativamente seus médicos sobre amamentação, procurar orientações com o pediatra que vai acompanhar o bebê e buscar informações em grupos de apoio de amamentação do SUS (Sistema Único de Saúde). “Na falta dessas instruções no pré-natal, é importante que elas recebam, antes da alta hospitalar, orientações sobre a ‘pega’ correta para alimentação do bebê, o melhor posicionamento do recém-nascido e o que está por vir em casa na rotina de amamentação”, complementa a médica.
É no ambiente doméstico que dificuldade e complicações surgem, impactando na jornada da amamentação. Entre elas, a mastologista destaca o ingurgitamento mamário (“leite empedrado”) e a mastite, que atinge de 3% a 20% das lactantes. Fissuras que não cicatrizam e dores crônicas também são relatadas com frequência. “Quando orientadas previamente a manejar essas situações, as mulheres tendem a passar pelo período de amamentação com mais tranquilidade”, afirma Maika.
Ao reforçar a importância da amamentação, Mayka Volpato reitera que o aleitamento materno é a forma natural de estabelecimento de vínculo e afeto entre mãe e bebê. “Como estratégia de nutrição, contribui para a saúde da criança e da lactante e a redução da mortalidade infantil no Brasil”. A SBM defende, portanto, que a qualidade e aprofundamento das orientações sobre lactação e amamentação no pré-natal são essenciais para garantir um futuro mais saudável para os brasileiros.
Câncer raro associado a implante de silicone tem primeiro caso no Brasil
Estudo recém-publicado é uma importante contribuição científica sobre a ocorrência do tumor e se diferencia por apresentar uma forma de padronizar o estadiamento e o tratamento da doença
O Brasil registra o primeiro caso raro de carcinoma espinocelular associado ao implante mamário de silicone. De acordo com a literatura científica, as ocorrências ao redor do mundo são poucas, com pouco mais de 20 pacientes diagnosticadas. O estudo sobre o caso brasileiro, que resultou em publicação recente na Annals of Surgical Oncology (ASO), é coordenado pelo mastologista Idam de Oliveira Junior, sócio titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e coordenador do Departamento de Mastologia e Reconstrução Mamária do Hospital de Amor, em Barretos (SP). A investigação se diferencia também por apresentar uma forma de padronizar o estadiamento e o tratamento da doença.
Os procedimentos com implantes mamários de silicone vêm sendo amplamente realizados desde a década de 1960. “São seguros e eficazes tanto para fins estéticos, quanto para a reconstrução das mamas, com a utilização de materiais que evoluíram para oferecer pouco ou nenhum risco às pacientes”, diz o mastologista Idam de Oliveira Junior. “A cada ano, temos mais mulheres vivendo por longo tempo com próteses de silicone. Neste sentido, é importante que qualquer alteração apresentada nos implantes seja considerada e investigada”.
De acordo com o mastologista, vêm crescendo nos últimos anos as evidências da associação entre implantes de silicone e efeitos imunológicos e inflamatórios que poderiam desencadear neoplasias como o linfoma anaplásico de grandes células associado a implantes mamários (BIA-ALCL, na sigla em inglês) e a síndrome autoinflamatória induzida por adjuvantes (ASIA, na sigla em inglês).
O estudo “Carcinoma espinocelular primário associado ao implante mamário de silicone: uma proposta para melhor abordagem cirúrgica e estadiamento clínico com base nas características do tumor”, publicado pela ASO, revista científica oficial da Sociedade Americana de Cirurgia Oncológica e da Sociedade Americana de Cirurgiões de Mama, tem além de Idam de Oliveira Junior a participação dos pesquisadores Marina Ignácio Gonzaga, Chrissie Casella Amirati, Natachia Moreira Vilela, Durval Renato Wohnrath e René Aloisio da Costa Vieira.
O carcinoma espinocelular associado ao implante mamário de silicone (BIA-SCC, na sigla em inglês) foi descrito pela primeira vez na literatura médica em 1992. “Devido ao número limitado de ocorrências, os fatores de risco para o desenvolvimento deste tipo de tumor altamente agressivo, com prognóstico desfavorável, são desconhecidos”, observa Oliveira Junior. Conforme a publicação, o BIA-SCC parece estar relacionado a um processo crônico de irritação e inflamação da cápsula que envolve o implante mamário. Com o tempo, essa irritação pode levar a alterações celulares, como metaplasia e displasia escamosa, que eventualmente evoluem para carcinoma espinocelular. Fatores como o uso prolongado de implantes (geralmente por mais de 10 anos) e a presença de líquido ao redor do implante podem contribuir para o desenvolvimento do tumor.
O mastologista Idam de Oliveira Junior enfatiza que o caso brasileiro de carcinoma espinocelular associado a implante mamário não é motivo para alarde. Muito pelo contrário, ressalta, trata-se de uma situação muito rara, mas que requer atenção dos especialistas.
Recentemente, a agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) lançou um alerta sobre a ocorrência de casos de carcinoma de células escamosas associado a implantes mamários (BIA-SCC).
No Brasil, o único caso descrito na literatura médica, que se junta a um número reduzido de ocorrências ao redor do mundo, foi avaliado por Oliveira Junior e sua equipe. Tratava-se de uma jovem que tinha implante de silicone, de longo prazo, com finalidade estética, com queixa de aumento acentuado no volume de uma das mamas associado a dor. Foi abordada inicialmente com troca de prótese e retirada da cápsula que a revestia, devido à presença de seroma (líquido ao redor da prótese) tardio. A cápsula apresentava sinais incomuns e foi encaminhada para a biópsia, que evidenciou a malignidade. Após esta etapa, a jovem foi submetida à retirada da prótese e mastectomia. “Mas devido à lesão avançada, houve recidiva de forma precoce e agressiva”, lembra Oliveira Junior. A partir do diagnóstico, a paciente brasileira teve uma sobrevida de 10 meses.
Com base na literatura científica sobre outros casos descritos, o especialista da SBM e sua equipe buscaram informações para entender o comportamento da doença. “A partir de estudos e de conceitos do estadiamento do linfoma associado à prótese de silicone, desenvolvemos um estadiamento para o carcinoma espinocelular, também com atenção ao implante mamário, correlacionando a sobrevida das pacientes”, diz.
Em casos avançados, a doença pode se espalhar para órgãos distantes como pulmões, fígado e mediastino, através da corrente sanguínea ou linfática. A disseminação local e regional é comum. O estadiamento avalia o grau de disseminação do câncer a partir de regras internacionalmente estabelecidas. O estadio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo e a relação com a sobrevida.
Embora considere a raridade da ocorrência de carcinoma espinocelular associado a implante mamário, o mastologista reforça entre os especialistas a necessidade de exames completos e precisos, especialmente diante de seroma de início tardio. “Como demonstramos no estudo publicado na ASO, estamos diante de uma doença de comportamento agressivo. O diagnóstico precoce permite um tratamento mais eficiente com maior sobrevida para a paciente”, destaca.
Ele ressalta que o temor por alguma patologia relacionada aos implantes tem levado um grupo expressivo de mulheres a solicitar a retirada das próteses. “Não há espaço para que o medo influencie na decisão da paciente. Tudo precisa ser amplamente discutido e avaliado com respaldo científico”, conclui Idam Oliveira Junior.
Nova lei amplia o direito das mulheres sobre cirurgias reparadoras de mama
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a garantia legal de reconstrução mamária em casos de mutilações por câncer, e agora também decorrentes de outras causas, está associada à qualidade de vida das pacientes
Uma nova lei amplia o direito das mulheres de recorrerem ao SUS (Sistema Único de Saúde) e também à saúde suplementar, que contempla o atendimento por operadoras e planos privados, para realizar cirurgia reparadora de mama. A determinação, que altera a Lei nº 9.797/1999 e a Lei nº 9656/1998, mantém o procedimento em situações de mutilação total ou parcial do órgão, salientando que agora a cirurgia é extensiva a outras causas além do câncer de mama. Sancionada em 17 de julho, com prazo para vigorar a partir de novembro deste ano, a Lei nº 15.171/2025, na avaliação do mastologista José Luiz Pedrini, assessor especial da Presidência da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), “é a grande notícia deste início de semestre”.
A SBM contribuiu diretamente para o texto da Lei nº 9.797/1999, que garantia a reconstrução mamária em casos de mutilações decorrentes de câncer de mama. Em 2013, uma emenda a esta mesma legislação, também com participação efetiva da entidade, acrescentou que o procedimento deveria ser realizado imediatamente, em condições clínicas favoráveis, após a retirada parcial ou total da mama devido ao tratamento de câncer ou tardiamente, quando a paciente apresentasse os requisitos necessários para a cirurgia. A partir da emenda da lei, a causa da não realização do procedimento de reconstrução deve estar descrita no prontuário da paciente.
Novamente alterada, agora na forma da Lei nº 15.171/2025, a determinação vai permitir a realização da cirurgia em casos não oncológicos, nos quais se incluem malformações, mamas tuberosas, grandes assimetrias, gigantomastia, entre outras ocorrências.
De acordo com o mastologista José Luiz Pedrini, a nova legislação também ganha em importância por permitir a simetrização da mama contralateral. O procedimento busca resultado estético semelhante e equilibrado entre as duas mamas. Assimetrias leves são previstas na cirurgia. O objetivo primordial, no entanto, é harmonizar a aparência da mama não afetada com a mama reconstruída para que se assemelhem em volume, forma e posicionamento das aréolas de maneira mais proporcional.
Segundo o assessor especial da Presidência da SBM, a mudança representa uma conquista, mas requer uma atuação efetiva da população, de gestores públicos e da saúde suplementar, assim como de entidades representativas, como a Sociedade Brasileira de Mastologia, para que seja cumprida. Da mesma forma, exige dos cirurgiões de mama formação e preparação para que a reconstrução mamária seja uma rotina condizente com a nova lei.
“A reconstrução mamária, como parte integral do tratamento oncológico, não é uma questão meramente estética”, observa o mastologista Fabrício Brenelli, presidente da Comissão de Oncoplastia da SBM e membro da diretoria da SBM Regional São Paulo.
Segundo o especialista, estudos indicam que a reparação mamária está associada à autoestima e à melhoria da qualidade de vida. “Em geral, a paciente que se submete à reconstrução das mamas após o tratamento do câncer tem menos episódios depressivos, menos medo de uma recorrência da doença, retoma mais rapidamente sua vida familiar e afetiva e também o trabalho.”
Sobre a simetrização da mama contralateral, prevista na nova lei, Brenelli destaca que a simetria é importante porque diz respeito ao contorno corporal feminino. “Uma mulher que passa por um procedimento que inclui a simetrização consegue se olhar no espelho com maior autoconfiança, sentindo-se mais feminina”, afirma.
Além de consolidar sua atuação para que os direitos das mulheres sobre as cirurgias reparadoras de mama sejam ampliados por meio de leis, a SBM é pioneira no Estado de São Paulo em cursos hands on de formação em cirurgia oncoplástica de reconstrução mamária. “Inicialmente, começamos as formações em Barretos (SP) e depois, com nossos times na Santa Casa e na Beneficência Portuguesa, na capital paulista, ampliamos a oferta de cursos”, lembra o mastologista. Atualmente, a SBM promove aprimoramento de cirurgia mamária oncoplástica com cursos em Goiânia, Jaú e Salvador, bem como por meio da Jornada Brasileira de Oncoplastia, realizada anualmente, e de parcerias com instituições internacionais.
Os candidatos aos cursos de cirurgia oncoplástica da SBM, ressalta Brenelli, são professores universitários. “Eles cuidam da residência médica e podem propagar esse conhecimento, ensinando as novas gerações e os próprios colegas a fazerem reconstrução mamária”, diz.
Ao dedicar investimentos à oncoplastia e à reconstrução mamária, a Sociedade Brasileira de Mastologia permitiu por meio dos cursos a formação de inúmeros cirurgiões em todo o País. “Isso fez com que houvesse um aumento extremamente grande de reconstrução mamária no SUS, justamente a pacientes que não tinham acesso a este tipo de cirurgia”, destaca.
Atualmente, a oncoplastia faz parte da matriz da residência médica. O mastologista que se forma hoje, segundo Brenelli, tem condições de avaliar e realizar uma reconstrução mamária parcial, total e uma simetrização da mama contralateral.
“A reconstrução mamária é parte fundamental da cura das pacientes diagnosticadas com câncer de mama. A nova lei, certamente, vai continuar ajudando muitas mulheres, principalmente as que mais precisam”, ressalta Fabrício Brenelli.
“A lei recém-sancionada vem em respeito à cidadania e à vida. Uma reconstrução imediata da mama pode levar cerca de 20 ou 30 minutos e representar um benefício para toda a vida da paciente”, conclui José Luiz Pedrini.
Cuidado centrado no paciente: o papel fundamental do engajamento significativo no tratamento oncológico
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), por meio de seu Departamento de Políticas Públicas, lança o novo documento “Cuidado centrado no paciente e advogando pelo envolvimento significativo dos pacientes oncológicos”, reforçando seu compromisso com um modelo de saúde mais humanizado, inclusivo e equitativo.
Inspirado pela campanha global “United by Unique” do Dia Mundial do Câncer, o material reconhece que cada jornada oncológica é única e que as decisões em saúde devem incorporar a vivência dos pacientes de forma ativa, respeitosa e transformadora. A publicação apresenta diretrizes claras para incorporar a experiência vivida no desenho, implementação e avaliação de políticas públicas, programas e serviços de saúde.
Acesse o documento completo aqui: Clique aqui para acessar.
Terapia Hormonal após Câncer de Mama: O que dizem as evidências científicas?
Recentemente, o público recebeu informações sobre uso de terapia hormonal (TH) para pacientes que tiveram câncer de mama. Diante disso, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) resolveu se manifestar sobre estas publicações na rede social, dada a gravidade de estimular mulheres tratadas de câncer de mama a usarem hormônios para sintomas climatéricos.
O câncer de mama é uma contraindicação clássica ao uso de terapia hormonal do climatério/menopausa no conhecimento atual, por diferentes motivos. Primeiramente, já que se trata de tumor que predomina em mulheres e tem profunda participação dos esteroides sexuais femininos na sua fisiopatologia. Além disso, estudos clínicos bem estruturados que investigaram o uso de terapia hormonal em mulheres que sobreviveram ao câncer de mama, com o objetivo de determinar se a terapia hormonal estaria associada a um risco aumentado de recorrência ou desenvolvimento de novos cânceres de mama, evidenciaram aumento de risco de recorrência da neoplasia, consequentemente não autorizando essa prática. E é essa a evidência que, até hoje, profissionais de saúde se balizam para contraindicar o uso de hormônios.
O artigo utilizado nessa fala das redes sociais, foi uma revisão narrativa publicada em 2022, tipo de estudo que não baliza tomada de decisão. É importante entender que publicações científicas não são iguais entre si. Estudos com método científico mais estruturado possuem maior nível de evidência do que outros.
Neste sentido, revisões narrativas têm um baixo nível de evidência na hierarquia tradicional da medicina baseada em evidências (MBE), ficando abaixo de revisões sistemáticas, metanálises e ensaios clínicos randomizados. Isso ocorre porque não seguem um protocolo sistemático e transparente, a seleção dos estudos incluídos pode ser subjetiva e tendenciosa e podem refletir mais a opinião do autor do que uma análise abrangente da literatura. Na revisão narrativa, o autor escolhe quais estudos quer mencionar. Nas revisões sistemáticas, é necessário mencionar todos os estudos, mesmo que as conclusões sejam divergentes da opinião de quem faz a revisão. Por isto, revisões narrativas podem trazer maior número de vieses.
Veja que o paradigma que tem que ser quebrado é oferecer hormônios à mulher curada, em tempos de alta incidência dessa doença, e que estamos avançando no diagnóstico precoce e melhorando armas de tratamento que levam a uma maior sobrevida às mulheres. Para isto, precisaríamos de ensaio clínico randomizado sólido mostrando este benefício, o que é difícil, pois teríamos que oferecer hormônios a um braço da pesquisa à sobrevivente de câncer de mama, o que esbarra em aspectos éticos, posto que outros estudos neste sentido já foram realizados (HABITS, Stockholm, LIBERATE) e não endossam a segurança desta prescrição.
Somos totalmente favoráveis à melhoria de qualidade de vida das mulheres que tem câncer de mama, defendemos programas de survivorship que buscam este objetivo, mas não temos ainda segurança, baseada em evidência, para oferecer TH sistêmica a estas pacientes. Existem alternativas não-hormonais para tratamento dos sintomas vasomotores, que podem ser oferecidas com maior segurança.
Menopausal hormone therapy after breast cancer: the Stockholm randomized trial. von Schoultz E, Rutqvist LE. J Natl Cancer Inst . 2005 Apr 6;97(7):533-5.
Hormone replacement therapy after breast cancer: 10 year follow up of the Stockholm randomised trial. Fahlén M, Fornander T , Johansson H , Johansson U , Rutqvist L , Wilking N , von Schoultz E. European Journal of Cancer 49 (2013) 52–59.
HABITS (hormonal replacement therapy after breast cancer--is it safe?), a randomised comparison: trial stopped. Holmberg L, Anderson H, HABITS steering and data monitoring committees. Lancet. 2004 Feb 7;363(9407):453-5.
Increased risk of recurrence after hormone replacement therapy in breast cancer survivors. Holmberg L, Iversen O, Rudenstam CM. HABITS Study Group. J Natl Cancer Inst. 2008 Apr 2;100(7):475-82.
Safety and efficacy of tibolone in breast-cancer patients with vasomotor symptoms: a double-blind, randomised, non-inferiority trial. Kenemans P , Bundred N J, Foidart J. LIBERATE Study Group. Lancet Oncol. 2009 Feb;10(2):135-46.
Effects of tibolone on climacteric symptoms and quality of life in breast cancer patients--data from LIBERATE trial. Sismondi P, Kimmig R, Kubista E, et al. Maturitas. 2011 Dec;70(4):365-72.
SBM parabeniza Dr. Henrique de Lima Couto por contribuição ao consenso internacional da ASCO
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) gostaria de parabenizar nosso associado, Dr. Henrique de Lima Couto, pela autoria do artigo de atualização do consenso da ASCO sobre cirurgia de linfonodo sentinela em câncer de mama.
As diretrizes da ASCO têm papel relevante no cenário internacional e contribuem para decisões no tratamento de pacientes em inúmeras partes do mundo.
A presença de um brasileiro nesta importante publicação já seria motivo de júbilo, mas ainda temos mais um ponto a ressaltar.
O Dr. Henrique coloca a SBM como instituição de referência, trazendo visibilidade internacional à nossa instituição e seus associados.
Tal iniciativa fortalece especialistas brasileiros e contribui para o fortalecimento de nossa especialidade.
Sendo assim, também aproveitamos para agradecer ao Dr. Henrique pela iniciativa.
Atenciosamente,
Augusto Tufi Hassan
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