Brasileiras têm dificuldades para fazer a mamografia na rede pública de saúde

Brasileiras têm dificuldades para fazer a mamografia na rede pública de saúde

O Bom Dia Brasil, da Rede Globo, fez um alerta sobre a queda acentuada do número de mamografias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em vários estados do Brasil e em mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos. O levantamento foi realizado por pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia em parceria com a Rede Goiana de Pesquisa. A matéria contou com a participação da Dra. Fernanda Salum, membro da SBM.

Confira a matéria na íntegra em Bom Dia Brasil


SBM alerta que “rosa” é o ano todo e prevenção é fundamental

SBM alerta que “rosa” é o ano todo e prevenção é fundamental

Na semana em que celebramos o Dia Nacional da Mamografia (05/02), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) faz um alerta às mulheres para que fiquem atentas o ano todo quanto à questão da prevenção e diagnóstico precoce. Embora, a entidade reconheça e valorize a importância do Outubro Rosa, ela lembra que o engajamento deve ser constante, pois o câncer de mama segue como a segunda maior causa de morte das mulheres no Brasil e esse quadro está longe de ser revertido. O câncer de mama acomete homens e mulheres, sendo 100 vezes mais frequente nas mulheres.

Diversos estudos questionam a idade e periodicidade ideal para realização do exame de mamografia rotineiro para as mulheres. Por isso, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), preocupada com o alto índice de tumores avançados que atinge nossa população, recomenda que a mamografia seja realizada anualmente nas mulheres a partir dos 40 anos para detecção do diagnóstico precoce. Esta recomendação deve-se a diversos fatores, incluindo a evidência de redução de 15 % de mortalidade em mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos e cerca de 30% a partir dos 50 anos.

Soma-se aos dados acima, características próprias da população brasileira, com pirâmide etária mais jovem do que nos países europeus, dos quais foram realizados os maiores estudos, assim como incidência de cerca 20% a 40% dos casos de câncer de mama em mulheres entre 40 e 49 anos. Destaca-se que não existe exame perfeito. A realização da mamografia como um teste diagnóstico pode apresentar resultados falsos positivos (descrever uma alteração que não existe), assim como falsos negativos (existir um tumor e não aparecer no exame).

Desta forma, a SBM recomenda que as mulheres procurem o mastologista uma vez por ano para realizarem o exame clínico minucioso das mamas. Defende ainda, em conjunto com o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), um programa rigoroso de controle de qualidade das mamografias, já que um exame de maior qualidade permite melhor acerto diagnóstico, menos resultados falsos positivos, como consequente menor taxa de realização de biópsias, e menores resultados falsos negativos.

A Sociedade Brasileira de Mastologia também chama atenção para o acesso das mulheres com alterações clínicas ou radiológicas para que seja facilitado no Brasil, já que muitas vezes, entre o início dos sintomas e/ou percepção da alteração no exame, elas levem de 6 a 12 meses para procurar o especialista por falta de disponibilidade, sobretudo no serviço público. Este quadro drástico é lamentável e precisa ser modificado com urgência. Os cerca de dois mil mastologistas distribuídos por todo o Brasil estão mobilizados nesta causa, que é um problema de todos.

Além da realização de consultas e exames periódicos, a SBM reforça a necessidade da busca por hábitos saudáveis de vida, com prática regular de exercícios, dietas pobres em gordura, combate a obesidade e aumento da cintura abdominal, sabidamente relacionadas com o aumento do risco de desenvolver câncer de mama, sobretudo nas mulheres após a menopausa, como demonstram diversos estudos realizados.

Desta forma, salientamos os principais sintomas relacionados ao câncer de mama e orientamos as mulheres a procurarem o mastologista, o quanto antes na presença de um destes sintomas a saber:

Caroço nos seios
O nódulo pode ter o conteúdo líquido, conhecido como cisto, e geralmente é regular, móvel e não está relacionado a câncer. Nódulos sólidos, endurecidos e fixos geram uma maior preocupação.

Alergia nos mamilos
Traços vermelhos semelhantes à picada de inseto, erupção cutânea ou reação alérgica podem ser um aviso de doença grave e até mesmo câncer de mama.

Pele retraída
Alguns tumores podem crescer dentro da mama e repuxar a pele perto dele. Uma entrada na pele que não existia deve chamar a atenção.

Inchaço e sensação de calor
O inchaço do seio com a sensação de calor e peso pode ser um sinal de câncer de mama, principalmente quando for de um lado só.

Ferida nos seios
Aparição de ferida ou úlcera que não cicatriza.

Mudança na pele ao redor do mamilo
A pele que fica ao redor do peito fica mais quente, escamosa, vermelha ou inchada.

Saída de Secreção pelo mamilo (papila ou bico)
A aparição de secreção do tipo sangue ou água ou no bico do seio deve sempre ser investigada.

A Sociedade Brasileira de Mastologia é solidária com todas as famílias que sofrem com o diagnostico do câncer de mama. A entidade deseja que as pessoas acometidas por esta doença tenham rápido acesso aos meios diagnósticos e de tratamento, revertendo o triste quadro de lentidão e morosidade observado atualmente. Para a SBM, o seu direito é a nossa luta!


Nota oficial sobre o estudo Terapia de Conservação da Mama

Nota oficial sobre o estudo Terapia de Conservação da Mama

Em relação ao resultado do estudo divulgado no Congresso Europeu de Câncer 2017, na última segunda-feira (30/01/2017), que revelou que a terapia de conservação da mama tem, por diversas vezes, resultados superiores aos da mastectomia, a Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que:

  • A escolha da técnica cirúrgica para o tratamento do câncer de mama, seja para a retirada de todo o tecido mamário, que denominamos mastectomia, ou a retirada parcial, que recebe o nome de quadrantectomia, dependerá de uma série de fatores relacionados às características da paciente, da doença e até mesmo da disponibilidade de acesso a diferentes tratamentos. Essas diversidades tornam o assunto um pouco mais complexo do que simplesmente a definição de superioridade de uma ou outra técnica cirúrgica.
  • Fatores vinculados à paciente como a presença de outras doenças, além do câncer de mama, podem por vezes definir a necessidade de uma técnica em detrimento da outra. Pacientes portadoras de algumas doenças reumatológicas tornam a opção da mastectomia a melhor escolha, em decorrência da contra-indicação de radioterapia, que seria mandatória naquelas pacientes que são submetidas a quadrantectomia.
  • Além dos aspectos relacionados a cada paciente com câncer de mama, a decisão na escolha da técnica cirúrgica também está relacionada com a forma como o tumor se apresenta, e suas características. Por exemplo, tumores únicos e pequenos podem ser tratados com cirurgia conservadora da mama, mas tumores múltiplos na mama ou em diferentes focos, necessariamente implicam na realização de mastectomia porque todas as áreas de tumor devem ser retiradas com margem de segurança.
  • O tratamento que conserva a mama implica necessariamente na possibilidade de usar a radioterapia após a cirurgia. Então, este é um fator de extrema relevância e o acesso à radioterapia é imprescindível para que esta opção seja possível. Questões como a distância entre a moradia da paciente e o serviço de radioterapia, bem como a necessidade de permanência em até cinco semanas fora do seu domicílio podem definir a escolha de uma mastectomia em detrimento da quadrantectomia.
  • O que este estudo holandês, além de outros que vêm sendo publicados desde 2013 têm mostrado, é que os dois tratamentos podem ser escolhidos. A conservação da mama é tão eficaz quanto a mastectomia e, em algumas circunstâncias, pode ser melhor. A situação da paciente é que irá dizer qual é o melhor para o seu caso.
  • No Brasil, esta técnica é adotada desde que esses critérios sejam seguidos.
  • Estas análises estão sendo muito importantes porque desmistificam a idéia muitas vezes dominante na população de que ser radical é melhor. E reforçam também o conceito presente na cirurgia do câncer de mama de que muitas vezes menos é mais.

Rosemar Macedo Sousa Rahal
Profª Adjunta da Universidade Federal de Goiás

Antonio Luiz Frasson
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia


Análise Crítica: Uma esperança para as pacientes evitarem a quimioterapia

Análise Crítica: Uma esperança para as pacientes evitarem a quimioterapia

A grande evolução da cirurgia no tratamento do câncer de mama reduziu muito o temor da mutilação cirúrgica. As técnicas de oncoplástica, entre outros desenvolvimentos, são os responsáveis. Hoje, o temor da paciente, além do risco da doença em si, é a quimioterapia e seus efeitos adversos. Como nas últimas décadas as indicações de quimioterapia se ampliaram, esse temor é corriqueiramente concretizado em realidade.

Ao mesmo tempo em que ampliaram as indicações de quimioterapia consolidou-se a noção de que a grande maioria das pacientes (mais de 90%), que preenchem os critérios de indicação, na realidade não se beneficiam do tratamento. Ou seja, para conseguir curar uma paciente que já foi operada com quimioterapia, precisamos tratar dezenas de outras desnecessariamente. A incapacidade de identificar as pacientes que não precisam ou não se beneficiam da quimioterapia está no centro do problema.

As tecnologias de identificação de perfil genético dos tumores são a ferramenta crucial para identificar uma grande parte das pacientes que não precisam e não se beneficiam do tratamento quimioterápico. A plataforma baseada em 70 genes denominada Mamaprint comprovou ser capaz de cancelar cerca de 46% dos tratamentos de quimioterapia no estudo Mindact. Isso representa não apenas a remoção do fantasma dos efeitos adversos da quimioterapia, mas uma redução de custos. Esse tipo de tecnologia será cada vez mais incorporada na tomada de decisão sobre o tratamento. Quem ganha com essa inovação são as pacientes e o sistema de saúde pela redução de gastos.

Por isso, as pacientes podem solicitar esta técnica ao seu mastologista, que pode avaliar se, no seu caso, a quimioterapia não tenha necessidade de ser indicada.

Dr. João Henrique Penna Reis
Responsável pela Comissão de Honorários