Plena implementação de testes genéticos para câncer de mama no SUS contribui para salvar vidas no Brasil

Plena implementação de testes genéticos para câncer de mama no SUS contribui para salvar vidas no Brasil

Realidade no Estado de Goiás, a aplicação do exame em todo o território nacional é a meta da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM)

Os casos de câncer associados a causas hereditárias, caracterizados por uma predisposição familiar e que podem passar de geração para geração, representam cerca de 10% do total dos diagnósticos da doença no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O caso específico da mutação do gene BRCA traz outra estatística preocupante. De acordo com a médica mastologista Rosemar Rahal, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Mastologia (SMB), esta alteração representa risco de 80% para desenvolvimento de câncer de mama e de 40% para o de ovário. O exame para Detecção de Mutação Genética dos Genes BRCA1 e BRCA2, custeado pelo SUS, destaca a especialista, é um meio eficiente para identificar a mutação e realizar medidas profiláticas que podem salvar milhares de mulheres. “Embora exista legislação que permite a realização do teste em cinco Estados brasileiros, somente Goiás, de fato, implementou o exame.”

Em Goiás, o exame para Detecção de Mutação Genética dos Genes BRCA1 e BRCA2 em mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou de ovário é previsto pela Lei nº 20.707, de 2020. “Desde a promulgação da legislação, todos os esforços da SBM foram pela implantação efetiva deste teste que pode beneficiar uma grande parcela da população”, lembra a mastologista Rosemar Rahal.

A partir da identificação da mutação por meio do exame, medidas profiláticas, como as cirurgias de mastectomia e ooforectomia (retirada dos ovários), impactam diretamente na sobrevida das pacientes. “Hoje, além das cirurgias profiláticas, existem medicamentos específicos para as mulheres com câncer de mama e portadores desta predisposição genética”, afirma.

A partir da assinatura do convênio do governo estadual, em outubro de 2023, com a Universidade Federal de Goiás (UFG), o painel genético para câncer de mama herdado será realizado pelo Centro de Genética Humana do Instituto de Ciências Biológicas da mesma universidade.

O teste, inicialmente, será implementado na Policlínica de Quirinópolis, região Sudoeste de Goiás, expandindo-se posteriormente para a região Centro-Norte, que abrange os municípios de Goianésia e Uruaçu. A meta é disponibilizar o acesso ao exame genético para todo o Estado.

Até agora, além de Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Amazonas dispõem de legislações específicas para Detecção de Mutação Genética dos Genes BRCA1 e BRCA2. Para Rosemar Rahal, a parceria entre o governo de Goiás e a UFG serve de inspiração para o País. “É fundamental que os Estados coloquem, efetivamente, as legislações em prática”, diz.

Em tramitação federal, o Projeto de Lei nº 265/2020 propõe a realização de testes genéticos para prevenção, diagnóstico e tratamento dos cânceres de mama e ovário no âmbito do SUS em todo o País. O direito já assiste as mulheres no sistema suplementar operado pelos planos de saúde desde 2014. “Neste sentido, o convênio também é um estímulo para que o Brasil, como um todo, ofereça o teste para as mulheres”, conclui a representante da Sociedade Brasileira de Mastologia.