Comunicado à sociedade - notícias falsas a respeito do tratamento e da prevenção do câncer de mama

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) observa com grande preocupação o crescente número de notícias falsas a respeito do tratamento e da prevenção do câncer de mama.

As redes sociais possuem inúmeros perfis de pessoas que se dizem médicas ou profissionais de saúde que fazem afirmações sensacionalistas e mentirosas sobre o assunto. Aparentemente, o modus operandi é sempre o mesmo:
1. divulga-se algo absurdo e sem nenhuma comprovação científica (ou já provado o contrário), sempre baseado na opinião da pessoa ou de algum outro dito influenciador.
2. venda de algum tratamento ou terapia milagrosa que vai curar ou evitar a doença, geralmente através de infusões sem registro na ANVISA e vendidas na própria clínica ou consultório.
3. outra forma de lucro é através de cursos voltados para médicos, profissionais de saúde ou até pessoas sem nenhuma formação, para ensinar as tais terapias.

Em pleno OUTUBRO ROSA, quando o tratamento e a prevenção do câncer de mama deveriam ser o foco principal de atenção, temos visto com tristeza o surgimento de postagens que afirmam absurdos. Dentre as maiores nulidades observadas, estão as teorias que a mamografia causa câncer de mama, que o câncer de mama não existe e que é possível prevenir ou tratar o câncer de mama através do uso de hormônios.

Infelizmente, somos obrigados a perder tempo e energia para desmentir tais absurdos. Seguem abaixo nossas principais considerações de forma resumida:

i. Câncer de mama não existe: o câncer de mama é a principal neoplasia maligna entre as mulheres brasileiras, sendo responsável por mais de 70.000 novos casos ao ano em nosso país. Menosprezar esta doença é um desrespeito às milhares de vítimas e suas famílias, além de poder causar tratamentos inadequados em mulheres que acabaram de descobrir a doença.

ii. A mamografia causa câncer de mama: a mamografia é a principal forma de prevenção de mortes pela doença. O diagnóstico precoce, obtido pela mamografia, permite a descoberta do câncer em estágios menores, onde as chances de cura são maiores e os tratamentos menos agressivos. Estudos comparativos realizados em países europeus e norte-americanos demonstraram que a realização de mamografia anual em mulheres entre os 40 e 75 anos reduz em 20% a 30% a mortalidade do câncer de mama em comparação com mulheres que não realizaram o exame.

iii. Câncer de mama pode ser tratado com o uso de hormônios: o uso de hormônios sexuais (estrógeno, progesterona e testosterona) é contraindicado em casos de câncer de mama, pois estimula o crescimento de células tumorais. Inúmeras publicações científicas mostram este efeito e a piora na evolução da doença. Inclusive, a terapia de alguns casos de câncer de mama é feita através de bloqueio destes hormônios, com resultados comprovados na diminuição da mortalidade.

Vale ressaltar que o tratamento do câncer de mama teve inúmeros avanços nos últimos anos e que os casos iniciais da doença têm taxas de cura superiores a 95%, utilizando cirurgias que preservam a mama e muitas vezes sem necessidade de quimioterapia.

Apesar de todos estes enormes avanços, muitas pessoas ainda têm a visão antiga da doença, que era geralmente mortal e necessitava de tratamentos agressivos como mastectomia e quimioterapia. O desconhecimento dos avanços da medicina cria campo fértil para a atuação destas pessoas mal-intencionadas, que visam desinformar para obter lucros pessoais.

Recentemente, Andrew Elder publicou um artigo de opinião na importante revista britânica, British Medical Journal, em que fala sobre as exigências atuais para a formação de médicos. O texto ressalta a importância de tratar a doença e o doente de forma correta e que não há atalhos fáceis para isso. Infelizmente, a educação médica é algo que requer muito tempo de dedicação e nem sempre é remunerado à altura. Todavia, isso não pode ser usado como desculpa para o surgimento deste tipo de “profissional”, que usa a desonestidade para obter maior remuneração.

A Sociedade Brasileira de Mastologia tem orgulho de possuir cerca de 2.000 especialistas em mastologia dentre seu quadro associativo, presentes em todos os estados brasileiros. Estas pessoas possuem formação dedicada para a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças mamárias, obtida através de anos de estudo e constante atualização em congressos e simpósios. A relação destes(as) profissionais está disponível em nosso endereço na rede mundial de computadores (www.sbmastologia.com.br) e deve servir de orientação para pessoas que tenham dúvidas sobre a saúde mamária.

Finalmente, conclamamos aos órgãos responsáveis que tomem atitudes contra estas pessoas desonestas que repassam informações mentirosas sobre este problema tão importante na saúde brasileira que é o câncer de mama.
Sem mais,

Augusto Tufi Hassan
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (Gestão 2023-25).

Guilherme Novita
Diretor-geral da Escola Brasileira de Mastologia (Gestão 2023-25).


Posicionamento oficial sobre publicações jornalísticas que abordam o aumento do risco de câncer de mama em mulheres usuárias de dispositivo intrauterino (DIU) com levonorgestrel (DIU hormonal)

A Sociedade Brasileira de Mastologia vem se posicionar a respeito das recentes publicações jornalísticas sobre o aumento do risco de câncer de mama em mulheres usuárias de dispositivo intrauterino (DIU) com levonorgestrel (DIU hormonal).

Estas matérias foram baseadas numa publicação científica no Jornal da Associação Norte-Americana de Medicina (JAMA), do mês de agosto/2024. A pesquisa, de autoria de Lina Steinrud Mørch, analisou dados retrospectivos de um grupo de mulheres dinamarquesas que usava este dispositivo e foram comparados com outro grupo que não usou.

Este estudo mostrou aumento do risco relativo de 80% em mulheres que usaram o DIU hormonal por 10 anos ou mais.

Importante ressaltar que a publicação foi uma carta ao editor, tipo de publicação mais simples. Além disso, trata-se de um estudo retrospectivo com nível de qualidade moderada, logo, podem existir variáveis de confusão que possam causar interpretações erradas nos números.

O estudo não traz dados novos, corroborando outra publicação da mesma autora que mostrou discreto aumento do câncer de mama em mulheres que usavam qualquer tipo de anticoncepcionais hormonais.

Todavia, existem dois pontos que são muito importantes de serem ressaltados:

1– As publicações jornalísticas informam sobre o aumento de 80% no risco, de maneira que podem gerar confusões. Este aumento é no risco relativo e não no risco absoluto do câncer de mama. Isso pode passar a falsa impressão que a pessoa tem 80% de chances de desenvolver a doença naquele período, quando na verdade, o que acontece é um aumento de 80% SOBRE o risco que a mulher já tinha de desenvolver a doença. As usuárias de DIUs hormonais geralmente são mulheres jovens, com menos de 40-45 anos de idade, cujo risco absoluto anual de desenvolver o câncer de mama é menor que 1%. Sendo assim, o aumento relativo de 80% costuma causar uma elevação no risco absoluto menor que 1%.

2 - Os anticoncepcionais hormonais possuem amplos benefícios e podem ser utilizados na população em geral, sob supervisão médica. Os benefícios dessas medicações são amplamente superiores ao discreto aumento do risco transitório de câncer de mama, que volta ao normal cerca de 10 anos após a interrupção do tratamento, ou seja, após esse tempo o risco é similar à paciente que nunca usou o método hormonal. Obviamente mulheres com câncer de mama pregresso ou risco elevado para a doença devem evitar o uso de medicações hormonais e ter acompanhamento médico personalizado.

Sendo assim a Sociedade Brasileira de Mastologia gostaria de reafirmar o apreço às pesquisas sobre risco de câncer de mama e ressaltar a importância da transmissão correta e transparente dos dados científicos.


Nota de Esclarecimento - Recomendações da Mamografia

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologistas e Obstetras (FEBRASGO) vêm a público esclarecer que, em razão de fake news que vem circulando em quase todo o Brasil, a recomendação das três entidades para a realização da mamografia é:

  • Mulheres com casos de câncer de mama e/ou ovário na família - pai, mãe, irmã, irmão, filha ou filho - poderão realizar a mamografia antes dos 40 anos, conforme a orientação de seu mastologista, radiologista e ou ginecologista.
  • A partir dos 40 anos, toda mulher deve realizar mamografia anualmente;
  • A recomendação é realizar a mamografia anualmente até os 75 anos. Em caso de alterações clínicas, em qualquer idade, a mulher deverá procurar o médico e fazer os exames solicitados;
  • Após os 75 anos, se bem de saúde e com boa expectativa de vida a mulher pode continuar a realizar a mamografia anualmente a partir de decisão conjunta com seu médico assistente;

Converse com o seu mastologista, ginecologista e ou radiologista de sua confiança, somente ele está apto a passar as devidas orientações quanto aos cuidados com a saúde das mamas e de acordo com o seu caso.

Oportunamente, reiteramos que estamos ao lado das brasileiras para que todas tenham acesso à prevenção e tratamento de qualidade. Seguimos firmes na nossa missão de buscar, sempre, uma vida longeva com mais saúde e qualidade para todas as mulheres.


Participação da Dra. Pollyanna Dornelas Pereira na Posse dos Conselheiros Federais (2024-2029)

No dia 1º de outubro de 2024, a Dra. Pollyanna Dornelas Pereira, representando a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), esteve presente na cerimônia de posse dos Conselheiros Federais para o quinquênio 2024-2029. A solenidade ocorreu às 19h na sede do Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília.

Este momento marca a renovação do compromisso com a ética e a qualidade na prática médica no Brasil, e a SBM reforça seu apoio ao trabalho dos Conselheiros Federais em prol da valorização da medicina e do cuidado à saúde da população.