SBM defende tratamento de câncer de mama metastático no SUS

SBM defende tratamento de câncer de mama metastático no SUS

Uma questão que aparece com frequência durante surtos de doenças infecciosas é: Quem está em tratamento contra o câncer, ou quem já tratou, pode ser vacinado? Esta questão já apareceu anteriormente com o surto de gripe H1N1 e agora volta com o novo surto de febre amarela.

A resposta rápida é NÃO, quem está em tratamento que possa causar baixa da imunidade não deve receber a vacina contra a febre amarela.

Aedes Aegypti, o mosquito transmissor da febre amarela, dengue, zika e chikungunya.

Para entender porque são necessários alguns conhecimentos sobre a imunidade, o tratamento do câncer e sobre a composição das vacinas.

Os vírus e bactérias que atacam nosso corpo possuem uma composição de moléculas diferentes das nossas. Nossa imunidade natural funciona identificando essas partes das bactérias ou dos vírus, e assim criando anticorpos capazes de identificar essas substâncias. Os anticorpos, por sua vez, são moléculas produzidas pelas nossas células de defesa, direcionadas contra essas substâncias dos agentes invasores, como uma bala teleguiada. Os anticorpos são produzidos por uma célula de defesa, conhecida como linfócito B, e em seguida despejados no sangue. O anticorpo então circula pelo corpo e, assim que encontra o agente invasor, se gruda a ele. Isto faz com que este agente invasor se torne visível para as demais células de defesa, que então destroem o vírus ou bactéria que está grudado ao anticorpo.

Este processo de identificação da bactéria ou vírus até a produção dos anticorpos leva alguns dias para se completar. Por isso que, em geral, demoramos entre 3 a 7 dias para ficar curados de um resfriado. Os anticorpos feitos desta maneira geram o que chamamos de memória imunológica. Sempre que o mesmo agente invasor tentar entrar no corpo novamente nós já teremos os anticorpos e o sistema imunológico irá destruir o agente invasor antes que ele possa nos fazer ficar doentes por uma segunda vez.

É por causa desta característica da memória imunológica que as vacinas são tão eficazes na prevenção de doenças infecciosas. A ideia é “treinar” as células de defesa com as vacinas para que elas aprendam a combater a doença, sem precisar que nós fiquemos doentes.

Existem tipos diferentes de vacinas. Algumas são feitas com vírus ou bactérias mortas. Quando são injetados em uma pessoa, o sistema imunológico consegue reconhecer as partes das bactérias e vírus mortos e fazer anticorpos que ficam “guardados”. Se por acaso a pessoa entrar em contato com o vírus vivo ela já terá as armas para combater a doença, e não ficará doente. Este é o caso das vacinas da gripe, do tétano, da meningite, do pneumococo, da hepatite e do HPV.

Um outro tipo de vacina é feita com vírus ou bactérias vivas atenuadas. Neste tipo de vacina o vírus ou bactéria é modificado em laboratório para ficar bem mais fraco, com pouca capacidade de causar qualquer tipo de doença. Assim quando é injetado o agente invasor não consegue se espalhar no corpo e a imunidade rapidamente consegue destruí-lo, fazendo também anticorpos. Estes anticorpos funcionarão caso a pessoa entre em contato com o vírus ou bactéria normal, impedindo que a pessoa fique doente. Este é o caso das vacinas com BCG, sarampo, caxumba, catapora, poliomielite (gotinha, Sabin), febre amarela e rubéola.

Em geral essa imunidade é permanente, quem já teve uma doença não tem a mesma doença de novo. O que acontece com o caso da gripe é que o vírus muda muito rapidamente, de um ano para o outro. Ele muda tanto que consegue escapar dos anticorpos que nós possamos já ter. Por isso é importante se vacinar todos os anos. Todos os anos é feita uma nova vacina, para atacar essas novas partes do vírus que mudam com o tempo.

Qual é o problema de tomar a vacina durante um tratamento contra o câncer?

A pessoa que está em tratamento pode estar usando medicamentos, como a quimioterapia, que reduzem a imunidade e a capacidade de lutar contra bactérias e vírus. Para estas pessoas, mesmo o vírus ou bactéria atenuado e enfraquecido pode ser um problema. A pessoa sem imunidade pode ficar doente se entrar em contato com as bactérias ou vírus atenuados destas vacinas. Logo, pessoas em tratamento contra o câncer, que estejam com imunidade baixa, não podem de nenhuma maneira tomar vacinas com vírus ou bactérias vivos e atenuados.

Já as vacinas de vírus ou bactérias mortos não são capazes de causar nenhum problema para a pessoa em tratamento. A questão aqui é que talvez essas vacinas não sejam eficazes. Como a imunidade está baixa pelo tratamento, é possível que o corpo não consiga produzir os anticorpos. A pessoa então teria tomado a vacina “à toa”. Para saber se a vacina funcionou a única maneira é fazer um exame de sangue, depois de algumas semanas, e medir a quantidade de anticorpos.

Depois de 3 a 6 meses do fim do tratamento a imunidade volta completamente ao normal. Qualquer pessoa que esteja nessa situação pode fazer qualquer vacina sem nenhum problema.

E o que fazer agora durante o surto de febre amarela?

Esta vacina é feita de vírus vivo atenuado. Caso a pessoa esteja em tratamento, e este tratamento cause a baixa de sua imunidade, pode ser que pessoa venha a desenvolver a doença pela vacina. Com a imunidade baixa, mesmo os vírus mais fracos das vacinas podem ser capazes de deixar a pessoa doente. A recomendação é fazer a vacina antes de se iniciar o tratamento com quimioterapia.

Não são todos os tratamentos contra o câncer que baixam a imunidade, para saber a recomendação ideal para cada pessoa é necessário uma conversa com o oncologista.

Caso a pessoa já esteja em tratamento com medicamentos que baixem a imunidade não é possível tomar a vacina contra a febre amarela, logo deve se tomar todo o cuidado para evitar as picadas de mosquitos com medidas como o uso de repelentes de insetos e instalação de telas. Obviamente, estas medidas devem ser aliadas ao combate ao mosquito transmissor, o Aedes Aegypti, o mesmo mosquito da dengue, com as medidas que todos nós conhecemos. O foco é acabar como os criadouros do mosquito, evitando acúmulo de água parada.

Fonte: Dr. Felipe Ades, do Blog Oncologia de hoje e amanhã
http://drfelipeades.com/2017/01/18/cancer-e-vacinacao-contra-a-febre-amarela-quem-ja-teve-cancer-ou-esta-em-tratamento-pode-ser-vacinado/


Pacientes de câncer podem ser vacinados contra febre amarela?

Pacientes de câncer podem ser vacinados contra febre amarela?

Uma questão que aparece com frequência durante surtos de doenças infecciosas é: Quem está em tratamento contra o câncer, ou quem já tratou, pode ser vacinado? Esta questão já apareceu anteriormente com o surto de gripe H1N1 e agora volta com o novo surto de febre amarela.

A resposta rápida é NÃO, quem está em tratamento que possa causar baixa da imunidade não deve receber a vacina contra a febre amarela.

Aedes Aegypti, o mosquito transmissor da febre amarela, dengue, zika e chikungunya.

Para entender porque são necessários alguns conhecimentos sobre a imunidade, o tratamento do câncer e sobre a composição das vacinas.

Os vírus e bactérias que atacam nosso corpo possuem uma composição de moléculas diferentes das nossas. Nossa imunidade natural funciona identificando essas partes das bactérias ou dos vírus, e assim criando anticorpos capazes de identificar essas substâncias. Os anticorpos, por sua vez, são moléculas produzidas pelas nossas células de defesa, direcionadas contra essas substâncias dos agentes invasores, como uma bala teleguiada. Os anticorpos são produzidos por uma célula de defesa, conhecida como linfócito B, e em seguida despejados no sangue. O anticorpo então circula pelo corpo e, assim que encontra o agente invasor, se gruda a ele. Isto faz com que este agente invasor se torne visível para as demais células de defesa, que então destroem o vírus ou bactéria que está grudado ao anticorpo.

Este processo de identificação da bactéria ou vírus até a produção dos anticorpos leva alguns dias para se completar. Por isso que, em geral, demoramos entre 3 a 7 dias para ficar curados de um resfriado. Os anticorpos feitos desta maneira geram o que chamamos de memória imunológica. Sempre que o mesmo agente invasor tentar entrar no corpo novamente nós já teremos os anticorpos e o sistema imunológico irá destruir o agente invasor antes que ele possa nos fazer ficar doentes por uma segunda vez.

É por causa desta característica da memória imunológica que as vacinas são tão eficazes na prevenção de doenças infecciosas. A ideia é “treinar” as células de defesa com as vacinas para que elas aprendam a combater a doença, sem precisar que nós fiquemos doentes.

Existem tipos diferentes de vacinas. Algumas são feitas com vírus ou bactérias mortas. Quando são injetados em uma pessoa, o sistema imunológico consegue reconhecer as partes das bactérias e vírus mortos e fazer anticorpos que ficam “guardados”. Se por acaso a pessoa entrar em contato com o vírus vivo ela já terá as armas para combater a doença, e não ficará doente. Este é o caso das vacinas da gripe, do tétano, da meningite, do pneumococo, da hepatite e do HPV.

Um outro tipo de vacina é feita com vírus ou bactérias vivas atenuadas. Neste tipo de vacina o vírus ou bactéria é modificado em laboratório para ficar bem mais fraco, com pouca capacidade de causar qualquer tipo de doença. Assim quando é injetado o agente invasor não consegue se espalhar no corpo e a imunidade rapidamente consegue destruí-lo, fazendo também anticorpos. Estes anticorpos funcionarão caso a pessoa entre em contato com o vírus ou bactéria normal, impedindo que a pessoa fique doente. Este é o caso das vacinas com BCG, sarampo, caxumba, catapora, poliomielite (gotinha, Sabin), febre amarela e rubéola.

Em geral essa imunidade é permanente, quem já teve uma doença não tem a mesma doença de novo. O que acontece com o caso da gripe é que o vírus muda muito rapidamente, de um ano para o outro. Ele muda tanto que consegue escapar dos anticorpos que nós possamos já ter. Por isso é importante se vacinar todos os anos. Todos os anos é feita uma nova vacina, para atacar essas novas partes do vírus que mudam com o tempo.

Qual é o problema de tomar a vacina durante um tratamento contra o câncer?

A pessoa que está em tratamento pode estar usando medicamentos, como a quimioterapia, que reduzem a imunidade e a capacidade de lutar contra bactérias e vírus. Para estas pessoas, mesmo o vírus ou bactéria atenuado e enfraquecido pode ser um problema. A pessoa sem imunidade pode ficar doente se entrar em contato com as bactérias ou vírus atenuados destas vacinas. Logo, pessoas em tratamento contra o câncer, que estejam com imunidade baixa, não podem de nenhuma maneira tomar vacinas com vírus ou bactérias vivos e atenuados.

Já as vacinas de vírus ou bactérias mortos não são capazes de causar nenhum problema para a pessoa em tratamento. A questão aqui é que talvez essas vacinas não sejam eficazes. Como a imunidade está baixa pelo tratamento, é possível que o corpo não consiga produzir os anticorpos. A pessoa então teria tomado a vacina “à toa”. Para saber se a vacina funcionou a única maneira é fazer um exame de sangue, depois de algumas semanas, e medir a quantidade de anticorpos.

Depois de 3 a 6 meses do fim do tratamento a imunidade volta completamente ao normal. Qualquer pessoa que esteja nessa situação pode fazer qualquer vacina sem nenhum problema.

E o que fazer agora durante o surto de febre amarela?

Esta vacina é feita de vírus vivo atenuado. Caso a pessoa esteja em tratamento, e este tratamento cause a baixa de sua imunidade, pode ser que pessoa venha a desenvolver a doença pela vacina. Com a imunidade baixa, mesmo os vírus mais fracos das vacinas podem ser capazes de deixar a pessoa doente. A recomendação é fazer a vacina antes de se iniciar o tratamento com quimioterapia.

Não são todos os tratamentos contra o câncer que baixam a imunidade, para saber a recomendação ideal para cada pessoa é necessário uma conversa com o oncologista.

Caso a pessoa já esteja em tratamento com medicamentos que baixem a imunidade não é possível tomar a vacina contra a febre amarela, logo deve se tomar todo o cuidado para evitar as picadas de mosquitos com medidas como o uso de repelentes de insetos e instalação de telas. Obviamente, estas medidas devem ser aliadas ao combate ao mosquito transmissor, o Aedes Aegypti, o mesmo mosquito da dengue, com as medidas que todos nós conhecemos. O foco é acabar como os criadouros do mosquito, evitando acúmulo de água parada.

Fonte: Dr. Felipe Ades, do Blog Oncologia de hoje e amanhã
http://drfelipeades.com/2017/01/18/cancer-e-vacinacao-contra-a-febre-amarela-quem-ja-teve-cancer-ou-esta-em-tratamento-pode-ser-vacinado/


Brasileiras têm dificuldades para fazer a mamografia na rede pública de saúde

Brasileiras têm dificuldades para fazer a mamografia na rede pública de saúde

O Bom Dia Brasil, da Rede Globo, fez um alerta sobre a queda acentuada do número de mamografias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em vários estados do Brasil e em mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos. O levantamento foi realizado por pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia em parceria com a Rede Goiana de Pesquisa. A matéria contou com a participação da Dra. Fernanda Salum, membro da SBM.

Confira a matéria na íntegra em Bom Dia Brasil


SBM alerta que “rosa” é o ano todo e prevenção é fundamental

SBM alerta que “rosa” é o ano todo e prevenção é fundamental

Na semana em que celebramos o Dia Nacional da Mamografia (05/02), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) faz um alerta às mulheres para que fiquem atentas o ano todo quanto à questão da prevenção e diagnóstico precoce. Embora, a entidade reconheça e valorize a importância do Outubro Rosa, ela lembra que o engajamento deve ser constante, pois o câncer de mama segue como a segunda maior causa de morte das mulheres no Brasil e esse quadro está longe de ser revertido. O câncer de mama acomete homens e mulheres, sendo 100 vezes mais frequente nas mulheres.

Diversos estudos questionam a idade e periodicidade ideal para realização do exame de mamografia rotineiro para as mulheres. Por isso, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), preocupada com o alto índice de tumores avançados que atinge nossa população, recomenda que a mamografia seja realizada anualmente nas mulheres a partir dos 40 anos para detecção do diagnóstico precoce. Esta recomendação deve-se a diversos fatores, incluindo a evidência de redução de 15 % de mortalidade em mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos e cerca de 30% a partir dos 50 anos.

Soma-se aos dados acima, características próprias da população brasileira, com pirâmide etária mais jovem do que nos países europeus, dos quais foram realizados os maiores estudos, assim como incidência de cerca 20% a 40% dos casos de câncer de mama em mulheres entre 40 e 49 anos. Destaca-se que não existe exame perfeito. A realização da mamografia como um teste diagnóstico pode apresentar resultados falsos positivos (descrever uma alteração que não existe), assim como falsos negativos (existir um tumor e não aparecer no exame).

Desta forma, a SBM recomenda que as mulheres procurem o mastologista uma vez por ano para realizarem o exame clínico minucioso das mamas. Defende ainda, em conjunto com o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), um programa rigoroso de controle de qualidade das mamografias, já que um exame de maior qualidade permite melhor acerto diagnóstico, menos resultados falsos positivos, como consequente menor taxa de realização de biópsias, e menores resultados falsos negativos.

A Sociedade Brasileira de Mastologia também chama atenção para o acesso das mulheres com alterações clínicas ou radiológicas para que seja facilitado no Brasil, já que muitas vezes, entre o início dos sintomas e/ou percepção da alteração no exame, elas levem de 6 a 12 meses para procurar o especialista por falta de disponibilidade, sobretudo no serviço público. Este quadro drástico é lamentável e precisa ser modificado com urgência. Os cerca de dois mil mastologistas distribuídos por todo o Brasil estão mobilizados nesta causa, que é um problema de todos.

Além da realização de consultas e exames periódicos, a SBM reforça a necessidade da busca por hábitos saudáveis de vida, com prática regular de exercícios, dietas pobres em gordura, combate a obesidade e aumento da cintura abdominal, sabidamente relacionadas com o aumento do risco de desenvolver câncer de mama, sobretudo nas mulheres após a menopausa, como demonstram diversos estudos realizados.

Desta forma, salientamos os principais sintomas relacionados ao câncer de mama e orientamos as mulheres a procurarem o mastologista, o quanto antes na presença de um destes sintomas a saber:

Caroço nos seios
O nódulo pode ter o conteúdo líquido, conhecido como cisto, e geralmente é regular, móvel e não está relacionado a câncer. Nódulos sólidos, endurecidos e fixos geram uma maior preocupação.

Alergia nos mamilos
Traços vermelhos semelhantes à picada de inseto, erupção cutânea ou reação alérgica podem ser um aviso de doença grave e até mesmo câncer de mama.

Pele retraída
Alguns tumores podem crescer dentro da mama e repuxar a pele perto dele. Uma entrada na pele que não existia deve chamar a atenção.

Inchaço e sensação de calor
O inchaço do seio com a sensação de calor e peso pode ser um sinal de câncer de mama, principalmente quando for de um lado só.

Ferida nos seios
Aparição de ferida ou úlcera que não cicatriza.

Mudança na pele ao redor do mamilo
A pele que fica ao redor do peito fica mais quente, escamosa, vermelha ou inchada.

Saída de Secreção pelo mamilo (papila ou bico)
A aparição de secreção do tipo sangue ou água ou no bico do seio deve sempre ser investigada.

A Sociedade Brasileira de Mastologia é solidária com todas as famílias que sofrem com o diagnostico do câncer de mama. A entidade deseja que as pessoas acometidas por esta doença tenham rápido acesso aos meios diagnósticos e de tratamento, revertendo o triste quadro de lentidão e morosidade observado atualmente. Para a SBM, o seu direito é a nossa luta!


Nota oficial sobre o estudo Terapia de Conservação da Mama

Nota oficial sobre o estudo Terapia de Conservação da Mama

Em relação ao resultado do estudo divulgado no Congresso Europeu de Câncer 2017, na última segunda-feira (30/01/2017), que revelou que a terapia de conservação da mama tem, por diversas vezes, resultados superiores aos da mastectomia, a Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que:

  • A escolha da técnica cirúrgica para o tratamento do câncer de mama, seja para a retirada de todo o tecido mamário, que denominamos mastectomia, ou a retirada parcial, que recebe o nome de quadrantectomia, dependerá de uma série de fatores relacionados às características da paciente, da doença e até mesmo da disponibilidade de acesso a diferentes tratamentos. Essas diversidades tornam o assunto um pouco mais complexo do que simplesmente a definição de superioridade de uma ou outra técnica cirúrgica.
  • Fatores vinculados à paciente como a presença de outras doenças, além do câncer de mama, podem por vezes definir a necessidade de uma técnica em detrimento da outra. Pacientes portadoras de algumas doenças reumatológicas tornam a opção da mastectomia a melhor escolha, em decorrência da contra-indicação de radioterapia, que seria mandatória naquelas pacientes que são submetidas a quadrantectomia.
  • Além dos aspectos relacionados a cada paciente com câncer de mama, a decisão na escolha da técnica cirúrgica também está relacionada com a forma como o tumor se apresenta, e suas características. Por exemplo, tumores únicos e pequenos podem ser tratados com cirurgia conservadora da mama, mas tumores múltiplos na mama ou em diferentes focos, necessariamente implicam na realização de mastectomia porque todas as áreas de tumor devem ser retiradas com margem de segurança.
  • O tratamento que conserva a mama implica necessariamente na possibilidade de usar a radioterapia após a cirurgia. Então, este é um fator de extrema relevância e o acesso à radioterapia é imprescindível para que esta opção seja possível. Questões como a distância entre a moradia da paciente e o serviço de radioterapia, bem como a necessidade de permanência em até cinco semanas fora do seu domicílio podem definir a escolha de uma mastectomia em detrimento da quadrantectomia.
  • O que este estudo holandês, além de outros que vêm sendo publicados desde 2013 têm mostrado, é que os dois tratamentos podem ser escolhidos. A conservação da mama é tão eficaz quanto a mastectomia e, em algumas circunstâncias, pode ser melhor. A situação da paciente é que irá dizer qual é o melhor para o seu caso.
  • No Brasil, esta técnica é adotada desde que esses critérios sejam seguidos.
  • Estas análises estão sendo muito importantes porque desmistificam a idéia muitas vezes dominante na população de que ser radical é melhor. E reforçam também o conceito presente na cirurgia do câncer de mama de que muitas vezes menos é mais.

Rosemar Macedo Sousa Rahal
Profª Adjunta da Universidade Federal de Goiás

Antonio Luiz Frasson
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia


Análise Crítica: Uma esperança para as pacientes evitarem a quimioterapia

Análise Crítica: Uma esperança para as pacientes evitarem a quimioterapia

A grande evolução da cirurgia no tratamento do câncer de mama reduziu muito o temor da mutilação cirúrgica. As técnicas de oncoplástica, entre outros desenvolvimentos, são os responsáveis. Hoje, o temor da paciente, além do risco da doença em si, é a quimioterapia e seus efeitos adversos. Como nas últimas décadas as indicações de quimioterapia se ampliaram, esse temor é corriqueiramente concretizado em realidade.

Ao mesmo tempo em que ampliaram as indicações de quimioterapia consolidou-se a noção de que a grande maioria das pacientes (mais de 90%), que preenchem os critérios de indicação, na realidade não se beneficiam do tratamento. Ou seja, para conseguir curar uma paciente que já foi operada com quimioterapia, precisamos tratar dezenas de outras desnecessariamente. A incapacidade de identificar as pacientes que não precisam ou não se beneficiam da quimioterapia está no centro do problema.

As tecnologias de identificação de perfil genético dos tumores são a ferramenta crucial para identificar uma grande parte das pacientes que não precisam e não se beneficiam do tratamento quimioterápico. A plataforma baseada em 70 genes denominada Mamaprint comprovou ser capaz de cancelar cerca de 46% dos tratamentos de quimioterapia no estudo Mindact. Isso representa não apenas a remoção do fantasma dos efeitos adversos da quimioterapia, mas uma redução de custos. Esse tipo de tecnologia será cada vez mais incorporada na tomada de decisão sobre o tratamento. Quem ganha com essa inovação são as pacientes e o sistema de saúde pela redução de gastos.

Por isso, as pacientes podem solicitar esta técnica ao seu mastologista, que pode avaliar se, no seu caso, a quimioterapia não tenha necessidade de ser indicada.

Dr. João Henrique Penna Reis
Responsável pela Comissão de Honorários


ICESP suspende inclusão de novos pacientes nos testes da “pílula do câncer”

ICESP suspende inclusão de novos pacientes nos testes da “pílula do câncer”

SÃO PAULO – O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), ligado à Faculdade de Medicina da USP, suspendeu a inclusão de novos pacientes nos testes da fosfoetanolamina sintética, a “pílula do câncer”, no tratamento da doença. Das 72 pessoas que foram tratadas até hoje, de 10 diferentes grupos de tumores, apenas um paciente do grupo de melanoma apresentou reação ao tratamento. Ele teve mais de 30% do tumor reduzido. No total, 20 pacientes seguem em observação.

O ICESP iniciou em agosto de 2016 a primeira etapa dos testes em humanos com a fosfoetanolamina sintética, com 10 pacientes. Nela se verificou os efeitos colaterais graves da substância. Desses 10, quatro deram continuidade para a segunda etapa, em outubro, e, nesta próxima etapa, a idéia era avaliar a substância em mais de 200 pacientes. Estes seriam divididos em grupos de 10 tipos de câncer diferentes – cada um com 21 pessoas – e tomariam três doses da pílula no período de seis meses. Quando três de cada um apresentasse alguma melhora, o mesmo seria acrescido de mais pacientes. Do contrário, aquele grupo seria encerrado.

O grupo de câncer colorretal foi o primeiro a completar a inclusão de todos os 21 pacientes, e foi encerrado, pois nenhum apresentou resposta objetiva ao tratamento.

— Achamos mais prudente suspendermos a inclusão de novos pacientes no estudo porque, da maneira como está sendo colocado, não achamos que seria ético continuarmos incluindo pacientes — explica o diretor-geral do ICESP, Paulo Hoff.

O médico comunicou que estudaria com a equipe do professor de Química aposentado Gilberto Chierice, da USP de São Carlos e inventor da fórmula, a melhor maneira de continuar com as avaliações.

Sobre o único paciente que apresentou resposta positiva à substância, Hoff explicou que isso poderia acontecer por diversas razões, e que é cedo para avaliar se essa melhora está relacionada ao uso da pílula:

— Existem relatos de regressões espontâneas, efeito placebo etc. Preciso de avaliação detalhada.

Davi Uip, secretário de Saúde do Estado de São Paulo, fez questão de frisar que “seguiu-se com rigor as decisões dos pesquisadores” e que “cumpriu-se o que foi combinado em todos os níveis, desde a síntese até o final da pesquisa, referindo-se à equipe de Chierice.

— Torcíamos muito pelo bom resultado. Eu, particularmente, mais que os outros, por problemas pessoais, mas o compromisso é com a ciência e esse foi cumprido — disse Davi.

Nos últimos oito meses, os pacientes inseridos passaram por avaliações periódicas, com retornos entre 15 e 30 dias, para a realização de consultas médicas e exames, uma delas a avaliação da doença por tomografia, o que permite aos médicos acompanhar de perto a evolução do câncer em relação ao uso da substância.

Os pacientes envolvidos no projeto vão dar continuidade ao tratamento no Icesp normalmente, com acompanhamento da equipe de oncologia.

Fonte: Portal Jornal O Globo

http://oglobo.globo.com/sociedade/pesquisa-com-pilula-do-cancer-suspensa-21141561


Sociedade Brasileira de Mastologia divulga nota sobre o uso de Anastrozol

Sociedade Brasileira de Mastologia divulga nota sobre o uso de Anastrozol

Recentemente, o tablóide inglês Daily Mirror publicou uma matéria sobre o uso do comprimido de anastrozol para a prevenção do câncer de mama. Essa reportagem tem gerado dúvidas quanto o uso da substância.

Sobre esse assunto é importante reafirmar que a estratégia de reduzir as chances de câncer de mama utilizando medicamentos é adequada para mulheres que apresentam um risco aumentado. A probabilidade deve ser verificada com um médico assistente, preferencialmente um mastologista ou um oncogeneticista, que através de modelos matemáticos, poderá mensurar o risco da paciente para os próximos 5, 10 anos ou durante a sua vida.

A utilização do tamoxifeno, do anastrozol e do exemestano, pode reduzir em até 50% as chances desenvolvimento da doença, mas é fundamental entender que esse recurso é apenas para mulheres que apresentam um risco aumentado. Mulheres como a Angelina Jolie, que tem mutações genéticas detectadas através do sangue ou da saliva, não estão aptas para tal tratamento. Nesse caso, há outras formas de se reduzir as chances de câncer de mama.

A Sociedade Brasileira de Mastologia se coloca à disposição para melhor trabalhar o tema ou, eventualmente, indicar um médico mastologista de sua região que responderá esse questionamento com maiores detalhes.


Nota à população sobre linfomas associados às próteses de mama

Nota à população sobre linfomas associados às próteses de mama

A Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que, em relação aos dados divulgados pela FDA, a agência americana responsável pelo controle de alimentos e medicamentos, e com base nos dados de conhecimento global desse e dos demais estudos analisados até o presente momento, não há necessidade de alarme em relação a riscos oncológicos ou em relação a outras doenças que possam ser provocadas pelas próteses mamárias. Os dados apresentados pelo FDA já são conhecidos da comunidade médica de especialidade.

O linfoma anaplásico de grandes células associado às próteses mamárias é um subtipo bastante raro de linfoma de células T, que se estima possa surgir um caso em cada 500 mil mulheres com próteses. Mesmo com o alerta dos 12 óbitos relacionados a esta doença nos Estados Unidos e na Austrália, os índices de cura para ela são bastante altos, ultrapassando 90% dos casos. A maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia.

O silicone presente nas próteses mamárias é um elastômero e a sua viscosidade depende da sua massa molecular. Desde que foram lançadas estas próteses em 1962, foram criadas diversas gerações com diferentes viscosidades e texturizações no seu revestimento. As próteses atuais são de gel mais coesivo, com diversas camadas, o que permite que mantenham sua forma tanto na cirurgia estética quanto na reconstrução mamária. A grande maioria das próteses mamárias implantadas nas últimas duas décadas são texturizadas. Assim, não se consegue estabelecer um nexo causal claro entre a texturização e o surgimento desta doença, visto que quase não se implantam mais próteses lisas, e que também foram relatados casos de linfoma com próteses lisas.

É preciso ressaltar que as próteses mamárias são, entre todas as próteses implantadas no corpo humano com diferentes finalidades médicas, aquelas que foram mais extensivamente estudadas na literatura científica. Além disso, o silicone está na composição de diversos outros produtos da área médica, inclusive catéteres de quimioterapia e próteses de uso em outros órgãos e sistemas. É fundamental que quaisquer novos dados sejam analisados à luz de seus impactos para a saúde da população, levando em consideração os riscos potenciais envolvidos versus os benefícios conhecidos das terapêuticas empregadas.

Assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia reitera o seu compromisso de vigilância e monitoramento constante de quaisquer informações que venham a afetar direta ou indiretamente a saúde e a segurança das pacientes sob os cuidados dos membros de nossa especialidade. E que não há nenhum dado até o presente momento que justifique qualquer mudança de postura ou intranquilidade por parte das pacientes portadoras de implantes mamários, sejam elas oriundas de cirurgias estéticas ou reconstrutoras. Devem essas pacientes apenas seguir com a realização de exame clínico mamário e exames de imagem regulares, e serem alertadas que esta é uma condição muito rara, para qual o seu cirurgião a estará monitorando.

Antônio Luiz Frasson
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia


Reconstrução mamária é um direito de toda mulher brasileira

Reconstrução mamária é um direito de toda mulher brasileira

Em abril deste ano se completará quatro ano da Lei federal nº 12.802/2013, que garante às mulheres mastectomizadas o direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico. A Sociedade Brasileira de Mastologia – SBM continua atuando na direção de ampliar cada vez mais esse atendimento, auxiliando às mulheres na luta por terem seus direitos garantidos. Embora a reconstrução em mulheres atendidas pelo SUS tenha aumentado no período entre 2008 e 2014, de 15% para 29,2%, cerca de 7,6 mil mulheres tratadas pelo SUS em 2014 não puderam ser beneficiadas pela Lei, o que preocupa a entidade.

De acordo com o Dr. Cícero Urban, membro da SBM, a entidade tem priorizado a formação e o aperfeiçoamento dos mastologistas nesta área para ampliar o número de profissionais qualificados e aptos para a realização desse tipo de procedimento. “Nas mastectomias, além das próteses mamárias que tem sido cada vez mais empregadas na reconstrução imediata, também temos as técnicas de lipoenxertia, que tem melhorado os resultados em situações que no passado pareciam quase insolúveis. Mas é preciso deixar claro que as cirurgias reparadoras tem limites e indicações precisas. Elas são mais complexas do que as cirurgias estéticas e as pacientes precisam estar bem informadas de tudo isto”, explica o mastologista.

A SBM tem realizado cursos de cirurgia oncoplástica em todo o país, qualificando cada vez mais os mastologistas brasileiros. De acordo com o presidente do Conselho deliberativo da SBM, Ruffo de Freitas Júnior, a reconstrução mamária já está incorporada na maioria das residências médicas na Mastologia. “Além disso, cursos estão sendo realizados para aprimorar ainda mais especialistas em todo o Brasil", afirma.

Estudos já demonstraram os benefícios psicológicos e da autoestima da mulher o que impacta diretamente no bom convívio social, matrimonial e retorno precoce as atividades laborais quando as pacientes são submetidas à reconstrução mamária imediata e é nessa direção que a SBM tem trabalhado para colaborar com a mulher brasileira nesse direito adquirido por lei.